Setembro Amarelo e Espiritualidade
Bom dia, caro leitor! Paz e harmonia para todos!
E mais um Setembro Amarelo vai chegando ao fim. A campanha mundial de
Prevenção ao Suicídio é algo importantíssimo! Os índices de pessoas que tiram a
própria Vida, em qualquer idade, só se ampliam, é algo assustador, de
proporções pandêmicas, por isso temos que falar sobre o assunto!
As causas que levam alguém a pensar e/ou a concretizar o suicídio são
múltiplas: perdas afetivas por morte ou separações, doenças no próprio corpo,
perda de emprego, falta de esperança na Vida, depressão e outras doenças
psicológicas, desencanto...
Um outro dado interessante que surge em várias pesquisas sobre o tema é o
de que diminui proporcionalmente o índice de suicídios quanto mais
espiritualizadas ou religiosas são as pessoas. Isto não é de se espantar.
A espiritualidade é a relação que o ser humano estabelece com a Vida e, em
especial, com o Transcendente. Por Transcendente devemos entender tudo o que se
refere ao espiritual ou Divino: valores que regem nossas condutas, filosofia de
Vida, certeza íntima na continuidade da Vida após a morte física, a existência
de uma Inteligência Suprema que tudo rege no universo e por aí vai.
Quanto mais esses fatores fazem parte da Vida de alguém, mais fortalecida
a pessoa se sente frente aos sofrimentos. Há a certeza de que existe uma Força maior
do que a própria pessoa e com a qual ela poderá contar, à qual poderá se
conectar nos momentos de dificuldades e que esta Força irá auxiliá-la a superar
o que de ruim possa vir a lhe acontecer.
Observa-se também, nas pessoas espiritualizadas que são religiosas ou
não, uma maior esperança na Vida, um positivismo sensato e uma busca por ver o
sofrimento como oportunidade de crescimento e não como castigo divino,
injustiça ou motivo para rebelar-se contra a Vida e a própria existência.
Ser espiritualizado não impede a pessoa de sofrer, se entristecer, até
cansar de determinadas situações. Porém, sua visão menos negativa e mais ampla
da Vida como algo que não cessa com a morte do corpo – levam-na a ter esperança
e a certeza de que sempre haverá uma saída, ainda que não pareça óbvia ou
fácil.
Outro fator muito importante sobre o qual gostaria de refletir é a
respeito da falsa ideia de que “quem fala que vai se matar, não se mata”. Infelizmente,
sim, se mata! O que precisamos compreender é que quem está em sofrimento não
quer chamar a atenção e muito menos deixar de viver, o que a pessoa deseja é
acabar com o próprio sofrimento para o qual ela não está vendo saída e não
suporta mais!
Então, se alguém anda falando
muito em morte, na própria morte, usando falas como “logo vou acabar com isso
tudo”, “logo vocês se verão livres de mim”, CUIDADO! Isto podem ser sinais de
que a pessoa está tendo ideias suicidas!
O que fazer então?! Conversar com a pessoa, ouvi-la e acolher seu
sofrimento, mesmo que você ache que é bobagem. Julgamentos nessas situações só
ampliam a dor do outro! Talvez, seja bobagem para você, mas não para aquela
pessoa. Sofrimento não se compara: acolhe-se e compreende-se!
Sugira à pessoa buscar ajuda, avise um familiar, seja presente!
Solidariedade e empatia também são valores espirituais!
Muitos são os serviços a serem oferecidos a alguém numa situação dessa:
ligar para o CVV-Centro de Valorização da Vida (188 é o número do telefone) –
uma ONG maravilhosa e séria que atende ligações do país todo, gratuitamente,
por meio de voluntários treinados para este tipo de acolhimento; busque um CAPs
(Centro de Atenção Psicossocial), uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), uma
UBS (Unidade Básica de Saúde), chame o SAMU (192), busque ajuda de terapeutas,
psiquiatras, do seu líder religioso! O que não vale é não fazer nada!
Alguém que coloca em dúvida se vale continuar vivendo é alguém em
sofrimento! Pode acontecer com qualquer um de nós, com qualquer um dos nossos
afetos! Pense nisso e ajude!
Que possamos ver além do óbvio e sermos mais solidários com a dor alheia.
Paz e Bem aos corações sensíveis!
Bia Mattos
Psicóloga CRP 06/29269
Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos
Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.