Consciência ou coerência?!

 

     Bom dia, caro leitor! Saúde e Paz para todos nós!

     O título de hoje revela uma reflexão que comecei a fazer. Será que ter consciência é suficiente para que meus comportamentos sejam coerentes com o que falo e penso?

     A resposta imediata deveria ser sim! Se desenvolvo consciência sobre algo, minha conduta deveria ser coerente com o conhecimento trazido pela consciência que desenvolvo. Porém, o que temos assistido no planeta é um total descompasso entre consciência e coerência.

     Se pensarmos que consciência se relaciona com a percepção que temos sobre certo e errado em relação aos mais variados assuntos, a ideia de que deveríamos agir de acordo com tais percepções deveria ser óbvia, não lhe parece?! Mas nem sempre é assim...

     Coerência tem a ver com nexo (sentido), com harmonia entre duas coisas, como pensamento e ação ou consciência e comportamento. Mas como eu comentei acima, nem sempre é assim. Vejamos.

     Faz sentido eu ser contra as atitudes truculentas de quem quer que seja e ao comentar isso, eu chamar a pessoa de idiota, imbecil e por aí vai? Não lhe parece incoerente que eu critique a postura agressiva do outro sendo agressivo com ele?!

     Faz sentido eu reclamar por não ser aceito como sou, me sentir excluído pela minha condição social ou intelectual e chamar de “metidas” ou “burras” as pessoas que não me entendem e excluem?!

     Faz sentido eu querer me relacionar afetivamente com quem eu bem entender, ser “dono da minha vida” e criticar quem tem relacionamentos homoafetivos?!

     Faz sentido eu me dizer um religioso cristão (característica daquele que acredita que a proposta de Jesus Cristo faz todo sentido) e me achar melhor que os demais, saber mais que os demais e ainda por cima desprezar, desrespeitar e ser intolerante com aqueles que são de outras religiões?!

     Faz sentido eu cobrar honestidade das autoridades, mas dar o famoso “jeitinho brasileiro” para resolver minhas questões?!

     Faz sentido eu reclamar do clima, mas criticar de “ecochatos” aqueles que tentam mudar a situação alarmante que temos vivido em termos do clima global?!

     Enfim, eu poderia listar uma quantidade sem fim de incoerências como as acima. O ponto aqui é: se eu tenho consciência do que é ético, das regras sociais adequadas e que existem pelo bem do coletivo, por que não ajo coerentemente com elas???

     O ideal talvez seja que cada um reflita a respeito e busque sua própria resposta. Mas há algo que gostaria de comentar: enquanto não entendermos que somos uma coletividade e que o que acontece com o outro, de alguma forma e em algum momento me afetará também, tenderemos a pensar só em nosso próprio “umbigo”, como se fôssemos diferentes, melhores e/ou imunes às consequências de nossos próprios atos incoerentes.

     Se queremos uma sociedade mais justa, mais pacífica, façamos nossa parte. Paremos de olhar se o vizinho está fazendo errado para justificar a nossa incoerência. Sejamos coerentes com o que dizemos acreditar e querer e seremos um a menos na fogueira das vaidades e egos inflados que acham que a regra serve para os outros e não para nós.

     A mudança começa com cada um de nós. Não espere o outro fazer para você também agir. Pode ser tarde demais. Os tempos são de explicitação do tanto que temos destruído em todos os sentidos. Não há garantias de que também não seremos atingidos por isto.

     Coerência só existe quando meu comportamento está em sintonia com o que sei.   

     Paz e Bem aos que sabem de seu valor e importância na construção do todo!

 

Bia Mattos

 Psicóloga CRP 06/29269


Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos

Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.

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