A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), apresentou, quinta-feira, dia 17/08, no anfiteatro da Secretaria de Educação, os resultados do Censo Municipal da População em Situação de Rua de Piracicaba 2023 e as ações desenvolvidas para este público. Este é o segundo estudo do segmento, realizado pelo município; o primeiro foi feito em 2021.

A pesquisa em campo, realizada via captação digital por educadores sociais do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), no período de abril a junho, foi respondida por 217 pessoas em situação de rua; cerca de 8,75% a mais que em 2021, quando foram respondidos 198 questionários.

Os dados coletados possibilitam a compreensão da realidade dessa parcela da população e a avaliação dos serviços e programas ofertados às pessoas em situação de rua. “A contagem da população em situação de rua é de difícil alcance, porque a principal característica dessas pessoas é de muita volatilidade e oscilação. Conseguimos falar quantas pessoas responderam aos questionários e isso nos ajuda a identificar o perfil, para execução de ações efetivas”, explicou Fernando Camargo, sociólogo da Smads que apresentou o censo.

O Censo foi realizado com o objetivo de traçar o perfil socioeconômico das pessoas em situação de rua e a forma de utilização e acesso aos serviços da Assistência Social e de outras políticas públicas, identificando as vivências do cotidiano desta população.


O prefeito Luciano Almeida também esteve presente na apresentação. “Estamos falando de um grande desafio; uma questão mundial que reflete em toda a sociedade e nos faz pensar qual caminho devemos tomar para resolver essa questão. Temos buscado soluções e condições para desenvolver um projeto que, de fato, traga ferramentas que auxiliem na construção de vida dessas pessoas. Muitos são os problemas que elas enfrentam, por isso é um tema muito complexo, mas vamos continuar trabalhando para mudar essa realidade”, disse.


Para a secretária da Smads, Euclidia Fioravante a coleta de dados é de extrema importância para qualificação dos serviços e isso exige a sua periodicidade. “Cada ação planejada para este público é pensada com toda a rede de atendimento, desde aqueles que estão na ponta, executando o trabalho direto, até aqueles que acompanham e gerenciam cada decisão. Estamos falando sobre uma área complexa e que necessita do apoio de diversas outras, pois sozinha, a Assistência Social não daria conta deste tema”, afirmou.

METODOLOGIA DO ESTUDO - O desenvolvimento do censo se deu por uma metodologia construída pela equipe da Vigilância Socioassistencial da Smads, em parceria com o Crami, Seas e Indsat, unindo a experiência no atendimento às pessoas em situação de rua e especialização em pesquisa e gestão de informações.

Os questionários foram aplicados nos serviços da Smads e nos 11 territórios monitorados pelo Seas, diariamente.

Lígia Angelocci, coordenadora do Seas, explicou que um dos pontos positivos dos educadores terem aplicado o censo nas ruas, “é que a equipe já desenvolve um trabalho de vínculo com essa população e isso facilitou o preenchimento do questionário", disse.

Como uma empresa de pesquisa, a Indsat abraçou mais uma vez este projeto, com o objetivo de contribuir com um trabalho que pouquíssimas cidades fazem. Entendemos que o nosso papel é dar independência para que vocês, enquanto técnicos da Smads, consigam entender o trabalho que realizam na cidade”, ressaltou Paulo Ricardo Gomes, sócio-diretor da Indsat.

RESULTADOS – De 217 pessoas que responderam a integralidade do questionário, 52,1% das pessoas nasceram em Piracicaba; 72,1% declarou ter algum vínculo afetivo ou familiar e 26,5% declarou não ter; 84,8% identifica-se como gênero masculino e 14,3% gênero feminino; 22,6% considera-se pessoa com deficiência, 20,3% mora em Piracicaba há menos de um ano. A pesquisa também apontou que 18,2% trabalham na construção civil e 14% com reciclagem; 59,4% declarou receber aposentadoria ou auxílio de programas de transferência de renda.

Diante do questionamento sobre o que ajudaria a sair das ruas, 39,1% declarou ser um emprego e 24,9% moradia.

Além dos dados do censo, a Smads identificou um aumento na capacidade de atendimento dos serviços à população em situação de rua. De 2018 a 2023, aumentou em 74% o atendimento no Centro de Referência à População em Situação de Rua (Centro Pop); 143% no Núcleo de Apoio Social (NAS) e 208% na Casa de Passagem. Houve também, aumento no número de pessoas que superaram a situação de rua e retornaram ao convívio familiar, sendo de sete pessoas em 2022 e 32, em 2023.

AÇÕES – O município conta com diversas ações voltadas à população em situação de rua em fase de construção e já em andamento. Entre elas, foram identificadas: busca ativa de mulheres em situação de rua, com foco no combate à violência contra a mulher; busca ativa de pessoas idosas, para encaminhamento aos serviços especializados; previsão de um plano de combate ao preconceito e a discriminação, realizado pela Coordenadoria dos Direitos Humanos, da Smads; elaboração de Plano Municipal voltado à segurança alimentar e diversificação alimentar, pela Coordenadoria de Segurança Alimentar, da Smads; busca ativa para inclusão no Cadastro Único ou atualização do mesmo; articulação com o Governo Federal e Estadual para construção do Plano Municipal da População em Situação de Rua; capacitação para iniciar o processo de implementação do plano, ações de esporte, lazer, cultura, meio ambiente, trabalho e renda, educação e saúde, ligadas às outras Pastas.

Outras ações estão em estudo para implementação, como o acolhimento institucional na modalidade República para pessoas em processo de saídas das ruas; Programa Moradia Primeiro, entre outras.

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