Com qual deles você se identifica: João ou Pedro?!

 

     Bom dia, caro leitor! Que você esteja com saúde e em paz!

     No embalo das festas juninas, pensei em refletirmos juntos sobre o que as histórias de São João Batista e São Pedro podem colaborar conosco nos dias de hoje, já que falamos sobre Santo Antônio na última coluna.

     João era o que chamaríamos hoje de um cara esquisitão: vivia em meio à natureza, falava sozinho, era sério e enérgico, mas tinha uma relação com o transcendente de extrema confiança amorosa! João não tinha dúvidas sobre os propósitos de Deus para com seus filhos e muito menos duvidava de Sua providência e amor.

     Por isso mesmo, tinha uma certeza íntima sobre a vinda do Messias, o salvador dos homens e sabia, diferentemente da maioria dos judeus da época, que este messias os salvaria não do domínio político dos romanos, mas traria uma mensagem renovadora e que permitiria que os seres humanos se entendessem melhor, soubessem se valorizar, se perdoar, se amar e, consequentemente, sofrer menos.

     Sua certeza nisso era tão grande que João, o Batista, sai a pregar e anunciar a vinda deste Messias. E quando João o vê, não tem dúvidas de que era Ele e se entrega confiante à Sua mensagem, à proposta crística.     

     João Batista, o anunciador da boa nova – essa novidade que dizia que poderíamos viver num mundo muito melhor, representa aquele que compreende que a Vida é muito maior do que os valores temporais e materiais. João via propósito nos acontecimentos e sabia intimamente que tudo tem uma razão de ser, um sentido.

     Poderíamos dizer numa linguagem atual e coerente com a Psicologia transpessoal, que João entendia que existem outros níveis de realidade, maiores e mais amplos e que são possíveis de serem experimentados quando fazemos, por exemplo, exercícios de ampliação de consciência, ou quando meditamos e até em alguns momentos em que oramos. Tais experiências constituem-se na chave do potencial humano não realizado, ou seja, aqueles aspectos do nosso funcionamento mental aos quais não damos muita atenção ou achamos serem esquisitices, coisa de gente que não é séria.

     No entanto, quem vive essas experiências de ampliação de consciência, de êxtase, percebe que a Vida vai para além da vida material e isto vem sendo estudado cientificamente há décadas.

      Abraham H. Maslow, quem primeiro estudou tais experiências, declarou que elas deixavam efeitos profundos e transformadores em quem as vivia e que essas pessoas experimentavam o que denominou de valores do ser (como beleza, justiça, verdade...), as virtudes e ideais mais elevados do ser humano.

     João sabia disso! João, quando falava sozinho, talvez estivesse se relacionando com estes níveis mais amplos de realidade de forma muito natural e por isto mesmo pode prever a chegada do Messias e reconhecê-Lo quando o viu.

     Pedro, ao contrário, mesmo convivendo cotidianamente com o Cristo, mesmo percebendo a profundidade de Sua proposta, demorou a se convencer, negou-o três vezes... Se João é o arquétipo do que confia e se entrega ao Mistério ou Divino, Pedro é o arquétipo do que tem medo e foge. Obviamente que com a maturidade, Pedro se transforma num gigante espiritual e passa a viver o cristianismo em profundidade. Mas para isso, precisou trabalhar sua insegurança e seus apegos ao óbvio e àquilo que havia aprendido. Com o passar do tempo, Pedro se transforma no símbolo daquele que, apesar do medo, acaba por se render ao que vai para além do óbvio, do concreto e racional.

     João e Pedro são dois grandes guias. A pergunta é: com qual deles me identifico mais? Com João, que se permitia ouvir sua intuição (a percepção que vem da essência ou alma) ou com Pedro, que a princípio confiava apenas no que seus olhos viam?!

     A reflexão é de uma atualidade atroz! Num mundo tão racionalista e materialista, tão cheio de pessoas que se deixam levar pelo que veem e não pelo que está por trás dos fatos, a pergunta necessária é: qual dos comportamentos – os de João Batista ou os de Pedro – ressoam mais em nós? Qual deles nos traz sentido à Vida? Qual deles nos auxiliam a encontrar propósito para a jornada nesta dimensão da existência?

     A resposta é única de cada coração. Meu desejo é que você apenas se permita se questionar e assim, quem sabe, consiga ampliar seu prazer de viver!

     Salve João! Salve Pedro! Salve a todos os seres de boa vontade!

     Paz e bem a todos!

 

   Bia Mattos

     Psicóloga CRP 06/29269

 

Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos

Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.

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