Trabalho: meio de Vida ou meio de morte?

 

     Bom dia, caro leitor! Saúde e paz a todos nós!

     O título da coluna de hoje talvez pareça meio estranho. Devo concordar, mas esta era uma pergunta que meu saudoso pai nos fazia: seu trabalho é meio de Vida ou de morte? E ele nem imaginava a atualidade  disso...

      Neste início de semana, em que comemoramos ontem o Dia do Trabalho, fiquei pensando no número enorme de profissionais que adoecem, correndo muitas vezes risco de morte física ou de sequelas psicológicas sérias por conta do exercício de suas profissões. E nem estou me referindo a profissionais como mineiros, bombeiros, soldados e tantos outros que diariamente correm o risco de ficar face a face com a morte.

     Não, não estou falando dessas profissões, mas de qualquer uma que seja exercida de forma patológica. Explico.

     A modernidade trouxe infinitas coisas boas como a cura ou controle de muitas doenças antes letais, permitiu que máquinas diminuíssem o trabalho pesado, que trabalhássemos de casa, que terapeutas pudessem auxiliar os que estão do outro lado do mundo e tantas infinitas facilidades que só as revoluções científica e tecnológica seriam capazes de permitir e que deveriam transformar o ato de trabalhar em algo cada vez mais leve e prazeroso.

     Porém, quando se trata da evolução do comportamento humano no trabalho, nem sempre vemos a mesma evolução. Ainda assistimos a exploração do ser humano pelo próprio ser humano e nem vou considerar neste momento, o indigno e inominável trabalho escravo e o abominável comportamento de assédio. Não, estou falando daqueles que não tem respeito por seus colaboradores e daqueles que se submetem à nociva ideia de que trabalhar à exaustão é valoroso.

     Talvez não percebamos, mas muitos de nós não respeitamos e nem somos respeitados no nosso direito de ter limites! Ainda existe, de forma extremamente difundida, a perversa ideia de que bom trabalhador é aquele que se dedica sem se importar com mais nada, nem com a própria saúde, mas apenas com bater e superar metas, custe o que custar!

     São muitas as atitudes que vão na direção do desrespeito ao ser humano e que mostram a urgente necessidade de mudarmos nosso olhar, entendermos que saber menos, ter estudado menos não faz do outro alguém menos sábio, muito menos indigno de respeito! Diploma dá conhecimento, experiência de Vida dá sabedoria. E nas empresas e instituições de todo tipo, temos visto muito mais “conhecedores” e muito poucos “sábios”...

     A crise no mundo do trabalho é muito mais que econômica! É MORAL! É uma crise de valores, do quanto não nos importamos com o ser humano que está ao nosso lado e por isto mesmo, vemos formas de pensar limitadas e desumanas como: bom chefe é aquele que “tira o sangue” de seus colaboradores, funcionário bom é ”aquele que obedece e não discute”, “salário bom é salário pago”, “reclamar por direito a salários dignos é conversa de certas ideologias”, “pra que 30 dias de férias? É muito!” e assim são tantos os absurdos a que o ser humano vai se acostumando que nos esquecemos que diálogo facilita e promove bons resultados em contraposição a gritos, desmandos e arbitrariedades; que bons salários e funcionários descansados trazem mais resultados do que quando estão cansados e desmotivados por desrespeito e exaustão; erros diminuem quando nos sentimos bem e saudáveis, seja mental ou fisicamente... Enfim, poderia fazer uma lista sem fim de vantagens em tratarmos e sermos trados com respeito e dignidade no meio profissional.

     Então, seja você empregador ou empregado, por favor, reflita: seu trabalho é meio de Vida ou de morte?

     A Vida, que se expressa por meio de bem-estar e boa saúde física e mental, nos cobra responsabilidade e comprometimento. Você está comprometido com qual dessas duas faces da existência: viver ou morrer?

     Lembre-se, a mudança começa em cada um de nós! Mude! Mude de atitude, de emprego, de trabalho e VIVA!

     Este o convite que gostaria de lhe fazer hoje.

     Paz e bem para você!


Bia Mattos

  Psicóloga CRP 06/29269

   

  Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos

Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.

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