A partida de Araribóia e dos Temiminós da Prainha em Vila Velha, Espírito Santo, para lutar contra os franceses ao lado de Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, 1565. Pintura de Levino Fanzeres, 1922.


Os Temiminós, também conhecidos como maracajás, era uma povo tupi que habitou a Ilha do Governador, São Cristóvão, e o sul do atual estado do Espírito Santo, no Brasil, no século XVI. Era inimiga tradicional dos seus vizinhos tamoios na Baía de Guanabara. Os guerreiros Temiminós formaram a base do exército Português que expulsou os franceses do Rio de Janeiro em 1565


Araribóia (Cobra Feroz) posteriormente batizado com o nome cristão de Martim Afonso de Souza, era filho do chefe temiminó Maracajá-guaçu (Gato Grande) e nasceu na ilha de Paranapuã (atual Ilha do Governador), na baía de Guanabara, de onde foi expulso pelos seus tradicionais inimigos, os índios tamoios em 1555. 


Tendo perdido as suas terras, Maracajá-guaçu, entrou em contato com os portugueses, pedindo ajuda e abrigo das invasões de sua tribo dos Tamoios. Foram então para o sul da Capitania do Espírito Santo, em caravelas portuguesas estabelecendo uma nova aldeia.


Maracajá-guaçu e seu filho Araribóia foram então batizados pelo Jesuíta Português Brás Lourenço. 


A partir de então estava estabelecida uma estreita e duradoura aliança entre os lusos e os Temiminós – que seria decisiva para a fundação do Rio de Janeiro como colônia portuguesa, anos mais tarde. Os guerreiros Temiminós de Araribóia formaram a base do exército português que expulsou os franceses do Rio de Janeiro, que comandados por Nicolas Durand de Vilegagnon haviam fundado na Baía de Guanabara um estabelecimento colonial, a França Antártica desde 1554.


Para se contrapor às forças portuguesas, o comandante dos franceses, Nicolas Durand de Villegagnon, firmou uma aliança com os índios tamoios, cerca de 70 000 homens naquela faixa do litoral. O acordo impediu que as forças enviadas de Salvador por Mem de Sá, governador-geral do Brasil, em 1560, conseguissem uma vitória definitiva contra os franceses.


Em 1565 o governador-geral, Mem de Sá, preparou um novo contingente de soldados bem armados para retomar a baía de Guanabara dos franceses, dessa vez os portugueses estabeleceram uma aliança militar com Araribóia, que havia sucedido a seu pai como líder dos Temiminós, conseguindo desse modo, reforçar os seus efetivos em cerca de 8000 indígenas conhecedores do território e inimigos tradicionais dos tamoios.


Araribóia á frente de seus guerreiros em ação conjunta com os portugueses bateu em 1565, os Tamoios e expulsou os franceses da bahia de Guanabara.


Em episódio com contornos de lenda, Araribóia teria atravessado as águas da baía a nado para liderar o assalto. O fato é que, com o seu apoio, a operação portuguesa contra os franceses foi coroada de sucesso, tendo os portugueses recuperado o controle sobre a baía de Guanabara. A partir daí, a cidade do Rio de Janeiro, que, entrementes, havia sido fundada por Estácio de Sá em 1565 no sopé do morro Cara de Cão, teve assegurada sua sobrevivência. Sob os conselhos de Araribóia, Estácio de Sá deslocou a sede da cidade de São Sebastião para o Morro do Castelo, em uma posição mais defensiva.


Em 1567 Araribóia liderou o principal ataque aos franceses e Tamoios a Uruçumirim,  o último enclave franco-tamoio no Rio de Janeiro, foi conquistado pelos portugueses e seus aliados, os guerreiros Temiminós em 20 de janeiro de 1567, (dois anos após a fundação da cidade do Rio de Janeiro por Estácio de Sá) consolidando o domínio português na região:


 "Combatendo na sua bem conhecida terra de Paranapuã, Araribóia e seus homens foram os primeiros a romper as defesas das linhas inimigas, trepou os penhascos com uma tocha na mão até a lançar com um paiol de pólvora que explodiu como uma bomba. Aberto o caminho, Portugueses e Índios entraram na Resistência Francesa para o combate mortal. 


Quando saíram os gritos de vitória não precisavam de tradução, os portugueses haviam conquistado o Rio de Janeiro e Araribóia e seu Povo voltado para casa .


Após a derrota dos tamoios, como recompensa pelos seus feitos, Araribóia recebeu, da Coroa Portuguesa, primeiramente um terreno no atual bairro de São Cristóvão, que fica próximo à ilha do Governador. Foi proprietário de casas na rua direita (atual 1 de março)  onde viviam os notáveis da cidade, incluindo o próprio Governador,  Salvador Corrêa de Sá . 


Após receber notícias da expulsão dos franceses da Baía de Guanabara em 1567 e do “bom sucesso, e da valentia” de Martim Afonso Araribóia , o Rei Dom Sebastião de Portugal agraciou ao líder indígena o título de Cavaleiro da Ordem de Cristo, uma pensão de doze mil réis, e o posto de Capitão Mor da Aldeia de São Lourenço. 


Curiosamente Dom Sebastião deu de presente a Araribóia um traje de próprio uso do monarca português. A partir de 1572 os índios Temiminós  ficaram conhecidos na Corte de Lisboa como “incondicionais amigos dos portugueses.” 


Em 1573 junto de seu povo tomou posse a mando de Mem de Sá , da região de São lourenço , atual Niterói,  fundando assim a vila de São Lourenço dos Índios e Caraí – Que mais tarde se tornou Icaraí , sendo assim, Niterói foi a primeira vila e logo depois cidade a ter como fundador um indígena. O significado da palavra Niterói vem da palavra tupi ‘yetéro’y que quer dizer “verdadeiro rio frio”, pois ‘y – rio / eté – verdadeiro/ ro’y – frio. 


Fonte: Heróis indígenas do Brasil: memórias sinceras de uma raça


            Júnior Sá.

Colunista e Historiador .

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