Passantes!
Bom dia, caros leitores! Saúde e paz a
todos nós!
Mais uma Páscoa se aproxima e me lembrei
de um texto maravilhoso que li certa vez sobre o assunto, de Jean-Yves Leloup,
intitulado Sede Passantes. Ele dizia muitas coisas e algumas delas eram
mais ou menos assim...
Falar sobre Páscoa é falar sobre passagem
de uma forma geral. A palavra hebraica Pessah significa passagem, por
isto este deveria ser o tema desta data.
Passagem tem a ver com como mudamos de uma
opinião para outra, de um pensamento a outro, de um sentimento a outro. E isto
se relaciona com como mudamos de postura e passamos de um estado de consciência
a outro: às vezes, mais atentos, outras vezes, mais distraídos, em alguns
momentos plenamente presentes e conscientes do que motiva nossas ações e no
momento seguinte a cabeça parece ter sido tomada por um vendaval e nem
lembramos do que fazíamos 10 minutos atrás!
Passamos de um estado de saúde a outro,
passamos a morar em um bairro diferente, passamos a frequentar novos locais, a
nos interessar por outros assuntos, pessoas, projetos. E Leloup nos lembra que,
portanto, somos passageiros indo de um “lugar” a outro...
Mas, talvez nosso maior desafio seja
construirmos pontes entre tantos e diferentes locais – internos e
externos – pelos quais passamos. Construir pontes lembrando, ele nos diz, que
estamos sempre de passagem. Não somos passageiros apenas no sentido daquele que
se transporta de um lado para o outro, de lá pra cá, mas somos passageiros na
Vida, somos transitórios! E aí a coisa fica interessante, pois temos a mania de
achar que seremos eternos e como dizia Leloup no texto, teimamos em querer que
dure o que, por natureza, não foi feito para durar!
A Páscoa cristã, que será comemorada no
próximo domingo por muitas pessoas, nos convida a refletirmos sobre a
impermanência de tudo, inclusive de quem somos neste momento. É um convite para
olharmos mais longe, perceber onde queremos chegar, quais sonhos nos estimulam,
e continuarmos nossa busca por realiza-los.
Quando esquecemos que somos passantes, que
o movimento caracteriza a Vida, podemos nos estagnar e deixar de realizar
aquilo que realmente nos pode trazer alegria de viver, propósito e sentido.
Esquecemos muitas vezes que perdoar é
libertador, amar traz paz, ser vale muito mais do que parecer ser – e tudo isto
requer movimento, passagem de um jeito de ver e compreender as coisas para
outros talvez novos e inesperados.
Nesta Páscoa, meu desejo é que você olhe
para si e para aqueles que você ama e respeita e se permita ser passante: sem
apegos nem freios à imensidão de possibilidades de bem viver que a Vida oferece
todos os dias! Que você experimente deixar passar as velhas certezas e se abrir
para as novas e incertas situações que a Vida traz e desta forma, renasça –
outro significado da Páscoa, renovado, mais consciente e feliz!
FELIZ PÁSCOA!
Bia Mattos
Psicóloga CRP 06/29269
Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos
Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.