Que olhos você tem para a Vida?

 

     Bom dia, querido leitor! Muita saúde e leveza a todos!

     Ouvindo a delicada música “Retina” de Consuelo de Paula (sugestão de uma irmãzinha do coração), e que recomendo muito que você a ouça, fiquei a pensar em como cada um de nós olha pra Vida.

     Pode parecer algo simples ou menos importante, mas como olhamos para os eventos da nossa existência e da Vida de forma geral, determina como iremos compreendê-los e, consequentemente, determinará muito da qualidade de Vida que levamos.

     É bonito perceber na letra de Consuelo de Paula a sutileza e, ao mesmo tempo, a obviedade do que ela propõe, e aqui, vou me permitir explorar a letra para refletirmos um pouco!

     Temos “olhos de cansaço, olhos de paz” ou estarmos cansados com o que nos incomoda, nos leva a termos olhos de ira, de revolta? Será que os nossos são “olhos fatais”?

     A maneira como vemos, e é claro que não se trata da percepção sensorial – enxergar com os olhos da carne – mas sim como entendemos cada pessoa, cada acontecimento, pode nos levar a sermos deterministas ou abertos a considerar diferentes possibilidades de entendimento do que se nos apresenta.

     Podemos ter um “olho adocicado”, gentil, afetuoso, que busca compreender as razões por trás dos fatos, e isto nos ajuda a ir além do óbvio, ou podemos ter um “olho encharcado” de certezas que nos levam, sem perceber, a agirmos de forma preconceituosa e sem chances de paz.

     Cada um destes, e muitos outros, são os tipos de olhos, como lentes que nossa forma de pensar, nossas certezas, nossas crenças geram em nós e nem percebemos. Acabam por nos tornar míopes, com uma visão restrita, de curta distância, que gera incompreensão e equívocos. O pior é que, muitas vezes, só veremos amplamente tarde demais...

     No fundo, o que buscamos é “... ancorar no mesmo cais”, aquele território do coração do outro que nos acolhe sem julgar, nos orienta sem impor, nos aceita como somos sem jamais deixar de dizer o que precisamos, mas que temos medo de ver.

     O cais que buscamos é, com certeza, um porto de paz, de harmonia e compreensão.

     E aí?! De que tipo tem sido seus olhos para si mesmo, para o outro, para o mundo? Desejo que sejam “Olhos enfeitados”, olhos natais”!

     Toda Paz e todo Bem aos seus “olhos”, amigo leitor!

 

     Bia Mattos

     Psicóloga CRP 06/29269

     (Escrito em 06/02/2023)

 

 Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos

Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.


PS: abaixo, a letra da música Retina de Consuelo de Paula.

 

Retina

Consuelo de Paula

 

Olhos de dezembro, olhos finais

Olhos de cansaço, olhos da paz

São teus sinais, olhos teus, claros demais

Por eles vou recomeçar

 

Olhos enfeitados, olhos natais

Olhos de presentes, olhos fatais

São como os meus, olhos teus, são meus sinais

Vão me levar até o cais

 

Olhos do oriente, olhos judeus

Olhos palestinos, índios, ateus

Luz do olhar de qualquer lugar

São teus sinais, são olhos meus

 

Olhos do ocidente, olhos cristãos

Olhos africanos, latinos, irmãos

Olhos negros, americanos

Vão ancorar no mesmo cais

 

Olho amarelado, verde, azul

Vermelho, molhado, olho do sul

A minha alma, meu amor e a minha voz

São olhos meus, são teus sinais

 

Olho adocicado feito de mel

Olho encharcado sob o véu

A mesma dor, mesmo mar, olhos iguais

Um olho só, um grande cais

Composição: Consuelo De Paula / Rubens Nogueira.

Deixe seu Comentário


Isabel Patrício Marques - 07/02/2023 07h00
Sim! Com que olhos sinto a vida? A medida que afinamos o nosso olhar, a medida que buscamos o sagrado em nós, compreendo que não cabe mais julgar, criticar ninguém, porque experimentei as dificuldades para me transformar... Não conhecemos a história do outro. Não sabemos e nem experimentei o seu caminhar... De fato, todos nós esperamos o olhar amoroso e acolhedor... somente o amor que cura pode nis salvar de nós mesmos! Gratidão Bia!