Por Vitor Prates - Rádio Piracicaba
Morreu nesta quarta-feira,
09 de novembro, um dos maiores nomes da música popular brasileira, Gal Costa,
aos 77 anos na cidade de São Paulo.
A informação foi confirmada
pela assessoria de imprensa da cantora. A causa da morte não foi informada.
Gal Costa seria uma das
atrações do Primavera Sound, em São Paulo, no último fim de semana. A
participação da cantora foi cancelada às vésperas do evento.
A última vez que Gal Costa
se apresentou em um festival, foi em setembro, em São Paulo.
Trajetória
Maria da Graça Costa
Penna Burgos, a Gal, nasceu em Salvador, na Bahia e começou a cantar na
adolescência em festas escolares e trabalha em uma loja de discos, onde
conheceu a bossa nova.
Em 1964 ela se junta aos artistas cantores Caetano Veloso, Gilberto Gil,
Tom Zé e Maria Bethânia em “Nós, Por Exemplo”, show de inauguração do
Teatro Vila Velha, em Salvador. No mesmo ano, ainda como Maria da Graça, gravou
um disco com as faixas “Eu Vim da Bahia” e “Sim, Foi Você”.
De acordo com a Enciclopédia da Música Brasileira, projeto do Itaú
Cultural, depois de 1967 ela gravou duas músicas do álbum “Tropicália” ou
“Panis et Circencis”, de Caetano.
A capacidade de se reinventar foi uma característica marcante da cantora
e sua carreira foi marcada por mudanças. A primeira delas acontece em 1968: com
colar de espelhos, penteado black power e o canto agudo e provocador, Gal
defende a canção “Divino Maravilhoso” no 4º Festival de Música Popular
Brasileira da TV Record e fica em terceiro lugar.
Em 1969, lançou dois álbuns, “Gal Costa” e “Gal”, com canções de Roberto
Carlos e Erasmo Carlos, ícones da jovem guarda. Na voz da cantora, as
composições de apelo pop ganham interpretação enérgica.
Ao longo do exílio de Caetano e Gil, iGal torna-se representante do
tropicalismo. Em 1970, a cantora vai para Londres para visitar os dois músicos
e, de volta ao Brasil, lança “LeGal”.
O disco ao vivo “Fa-tal – Gal a Todo Vapor”, de 1971, traz músicas de
Luiz Melodia (1951-2017), Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Também tocando na questão política, a capa do álbum “Índia” traz um close
da virilha da cantora, vestida com um biquíni e, na contracapa, ela aparece de
seios nus. O LP foi vendido nas lojas dentro de um plástico escuro por causa da
censura.
Com o disco “Cantar”, Gal se reaproxima da MPB e muda a postura vocal,
amenizando a agressividade e priorizando a voz límpida, um retorno à referência
de João Gilberto.
Em 1975, Gal, Gil, Caetano e Bethânia se reúnem para o espetáculo “Os
Doces Bárbaros”, que dá origem ao disco homônimo. No mesmo ano, interpreta
“Modinha para Gabriela”, do compositor Dorival Caymmi (1914-2008) e
tema de abertura da adaptação do romance Gabriela, Cravo e Canela,
de Jorge Amado (1912-2001). Menos experimentais, Gal Canta
Caymmi (1975) e os dois álbuns seguintes, Caras e Bocas (1977)
e Água Viva (1978), são sucessos de público.
Em 1980, ela revisita a obra do compositor Ary Barroso (1903-1964) com o
álbum “Aquarela do Brasil”. Com “Fantasia” (1981), alcança sucesso nas rádios
com a faixa “Festa no Interior”, de Moraes Moreira (1947- 2020) e Abel Silva.
Em 1988, recebeu o Prêmio Sharp de melhor cantora. Na década de 1990,
retoma a parceria com Salomão no disco “Plural”, e em 1993, lança “O
Sorriso do Gato de Alice”.
No álbum “Recanto”, de 2011, Gal se reinventou novamente. O trabalho,
composto e produzido por Caetano, traz um repertório com música eletrônica e o
funk carioca.