Um dos reservatórios da Estação Elevatória de Água Tratada (EEAT) da rua Marechal Deodoro, bairro dos Alemães, com mais de 130 anos, será aberto para visitação do público de 1º a 15/09 pelo Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto), autarquia da Prefeitura. As visitas serão por ordem de chegada e só será permitida a entrada com calçado fechado. Os horários serão das 7h30 às 13, durante a semana, e das 7h30 às 16h30 nos finais de semana e no feriado de 7 de Setembro. A entrada de crianças menores que 10 anos só será permitida com responsável. Os visitantes devem acessar o local pelo portão na rua Aquilino Pacheco, em frente ao número 311.  

O reservatório semi-enterrado de 54 metros de comprimento por 15 metros de largura, tem capacidade de reservação de 2 mil m³ foi esvaziado para realização de projeto e manutenção, e faz parte da Estação Elevatória de Água Tratada (EEAT) e demais reservatórios da Marechal. O complexo, que teve as obras de construção iniciadas em 1886, possui três reservatórios, teve importante papel no desenvolvimento da cidade, sobretudo no abastecimento do município que completou 255 anos no dia 1º/08.  

Segundo o engenheiro Pedro Caes, diretor no Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto), os três reservatórios da Marechal têm capacidade total de 8.500 m³ de água. Dois deles, que apresentam problemas de vazamento, devem ser reformados, tendo um a capacidade de reservação de 1.100 m³ e o outro de 2.000 m³. “Diante disso, atualmente o Semae está trabalhando com 65% da capacidade. Nessa mesma área também está instalada uma estação elevatória de água tratada com seis conjuntos de motobomba que abastecem toda a região leste da cidade. Com a reforma, o Semae passará a contar com 100% da capacidade de reservação”, disse. 

Os reservatórios da Marechal são responsáveis pelo abastecimento dos reservatórios Unileste, XV de Novembro, Dois Córregos, Conceição, Peoria e Cecap. De acordo com Tiago Gonçalves de Jesus, chefe de Divisão de Operações do Semae, esta é a primeira vez nos últimos 30 anos que o reservatório de 2.000 m³ (que equivale a 2 milhões de litros de água) fica totalmente vazio. “Leva cerca de 24 horas para esvaziá-lo por completo. O sistema de escoamento da água, que é feito por uma espécie de ‘canaleta’ na parte central do reservatório, é antigo, com mais de 100 anos, mas é um dos mais eficazes até mesmo se comparado com os reservatórios da atualidade”, contou, acrescentando que as peças de registros e válvulas para transmissão da água nos reservatórios são provenientes da Inglaterra e chegaram a Piracicaba há mais de um século. 

Conforme o presidente do Semae, Maurício Oliveira, os reservatórios de tijolos apresentam problemas devido ao desgaste comum do tempo nas estruturas. Ele explicou que a reforma consiste na impermeabilização dos locais, retirando o revestimento atual, já danificado, e substituindo por uma manta de PVC inerte, que não contamina a água e nem se desmancha. “O projeto dessa impermeabilização nos reservatórios, abrangendo piso e parede, está sendo desenvolvido para passar por nossa avaliação. Com isso, podemos impedir o vazamento de 20 a 30 litros de água por segundo. Essa iniciativa faz parte do nosso plano para combate ao desperdício de água na cidade”, falou. 

INVESTIMENTO - O desenvolvimento do projeto e a execução das obras serão realizados por meio de contrapartida, sendo que o investimento total é de aproximadamente R$ 2,5 milhões, por parte da empresa da contrapartida. 

MAIS - Com o intuito de aumentar a oferta de água, o Semae trabalha desde outubro de 2021 nessa unidade. De lá pra cá, foram trocados dois conjuntos de motobomba, aumentando a vazão em cerca de 40 l/s cada uma. Em 2022, o Semae já trocou mais uma bomba e na próxima semana deve concluir a troca de mais um conjunto de motobomba, contabilizando mais 80 l/s. 

HISTÓRIA - De acordo com o arquiteto e urbanista Marcelo Cachioni, diretor do DPH (Departamento de Patrimônio Histórico) do Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba), as obras de escavação para a construção dos Reservatórios da Marechal foram iniciadas em 23 de maio de 1886, pela empresa Frick & Co., que em Piracicaba adotou o nome fantasia de Empreza Hidraulica de Piracicaba. Ele escreveu sobre o assunto na dissertação de mestrado intitulada Arquitetura Eclética na Cidade de Piracicaba, para a PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas. No estudo relatou que esses reservatórios semi-enterrados consistiam em duas pequenas edificações para guarda entre as ruas Silva Jardim, Cristiano Cleopath e Marechal Deodoro, com capacidade para 3,5 milhões de litros.

Originalmente, o reservatório apresentava fachadas de característica neoclássica, com modenatura (conjunto de molduras), óculos, entablamento, platibanda (faixa vertical que emoldura a parte superior de um edifício e que tem a função de esconder o telhado) e portas em arco abatido. A fachada principal é simétrica e dividida em sete blocos, apresentando três portas e quatro óculos circulares. Não existe um elemento de destaque, sendo que os mesmos se repetem. As demais fachadas, num total de três, foram executadas com os mesmos elementos da fachada principal, e as envazaduras também eram óculos gradeados. No conjunto, havia um portão (desaparecido) executado pelo serralheiro pelotense João José de Abreu, datado de 1885. 

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