A Estação Elevatória de Água Tratada (EEAT) e Reservatórios Marechal, mantidos pela Prefeitura de Piracicaba, por meio do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto), localizados na rua Silva Jardim com a rua Marechal Deodoro, no bairro do Alemães, passam atualmente por obras de melhoria, com o intuito de cessar vazamentos. O complexo, que teve as obras de construção iniciadas em 1886 e possui três reservatórios, teve importante papel no desenvolvimento da cidade, sobretudo no abastecimento do município que completou 255 anos no dia 1º/08. Na manhã desta terça-feira, um dos reservatórios semi-enterrados, já sem água, foi aberto para visitação. O local, semelhante a um corredor com arcos, construído com tijolos, tem 54m de comprimento, 15m de largura e cerca de 5m de altura. Participaram da visita secretários municipais, vereadores e representantes da imprensa local e regional. O Semae estuda a possibilidade de abrir o local para visitação pública a partir da próxima semana.
Segundo o engenheiro Pedro Caes, diretor no Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto), os três reservatórios têm capacidade total de 8.500 m³ de água. Dois deles, que apresentam problemas de vazamento, devem ser reformados, tendo um a capacidade de reservação de 1.100 m³ e o outro de 2.000 m³. “Diante disso, atualmente o Semae está trabalhando com 65% da capacidade. Nessa mesma área também está instalada uma estação elevatória de água tratada com seis conjuntos de motobomba que abastecem toda a região leste da cidade. Com a reforma, o Semae passará a contar com 100% da capacidade de reservação”, disse.
Os reservatórios da Marechal são responsáveis pelo abastecimento dos reservatórios Unileste, XV de Novembro, Dois Córregos, Conceição, Peoria e Cecap. De acordo com Tiago Gonçalves de Jesus, chefe de Divisão de Operações do Semae, esta é a primeira vez nos últimos 30 anos que o reservatório de 2.000 m³ (que equivale a 2 milhões de litros de água) fica totalmente vazio. “Leva cerca de 24 horas para esvaziá-lo por completo. O sistema de escoamento da água, que é feito por uma espécie de ‘canaleta’ na parte central do reservatório, é antigo, com mais de 100 anos, mas é um dos mais eficazes até mesmo se comparado com os reservatórios da atualidade”, contou, acrescentando que as peças de registros e válvulas para transmissão da água nos reservatórios são provenientes da Inglaterra e chegaram a Piracicaba há mais de um século.
Conforme o presidente do Semae, Maurício Oliveira, os reservatórios de tijolos apresentam problemas devido ao desgaste comum do tempo nas estruturas. Ele explicou que a reforma consiste na impermeabilização dos locais, retirando o revestimento atual, já danificado, e substituindo por uma manta de PVC inerte, que não contamina a água e nem se desmancha. “O projeto dessa impermeabilização nos reservatórios, abrangendo piso e parede, está sendo desenvolvido para passar por nossa avaliação. Com isso, podemos impedir o vazamento de 20 a 30 litros de água por segundo. Essa iniciativa faz parte do nosso plano para combate ao desperdício de água na cidade”, falou.
INVESTIMENTO - O desenvolvimento do projeto e a execução das obras serão realizados por meio de contrapartida, sendo que o investimento total é de aproximadamente R$ 2,5 milhões, por parte da empresa da contrapartida.
MAIS - Com o intuito de aumentar a oferta de água, o Semae trabalha desde outubro de 2021 nessa unidade. De lá pra cá, foram trocados dois conjuntos de motobomba, aumentando a vazão em cerca de 40 l/s cada uma. Em 2022, o Semae já trocou mais uma bomba e deverá concluir as trocas de bombas no mês de setembro, contabilizando mais 80 l/s.
HISTÓRIA - De acordo com o arquiteto e urbanista Marcelo Cachioni, diretor do
DPH (Departamento de Patrimônio Histórico) do Ipplap (Instituto de Pesquisas e
Planejamento de Piracicaba), as obras de escavação para a construção dos
Reservatórios da Marechal foram iniciadas em 23 de maio de 1886, pela empresa
Frick & Co., que em Piracicaba adotou o nome fantasia de Empreza Hidraulica
de Piracicaba. Ele escreveu sobre o assunto na dissertação de mestrado
intitulada Arquitetura Eclética na Cidade de Piracicaba, para a PUC (Pontifícia
Universidade Católica) de Campinas. No estudo relatou que esses reservatórios
semi-enterrados consistiam em duas pequenas edificações para guarda entre as
ruas Silva Jardim, Cristiano Cleopath e Marechal Deodoro, com capacidade para
3,5 milhões de litros. Originalmente, o reservatório apresentava fachadas de
característica neoclássica, com modenatura (conjunto de molduras), óculos,
entablamento, platibanda (faixa vertical que emoldura a parte superior de um
edifício e que tem a função de esconder o telhado) e portas em arco abatido. A
fachada principal é simétrica e dividida em sete blocos, apresentando três
portas e quatro óculos circulares. Não existe um elemento de destaque, sendo
que os mesmos se repetem. As demais fachadas, num total de três, foram
executadas com os mesmos elementos da fachada principal, e as envazaduras
também eram óculos gradeados. No conjunto, havia um portão (desaparecido)
executado pelo serralheiro pelotense João José de Abreu, datado de 1885.