Você já se sentiu assim?!
Bom dia!
Paz e Bem a todos!
Não sei se você já percebeu com
outras pessoas ou talvez esteja acontecendo com você mesmo, mas tem aumentado
muito o número de pessoas que, mesmo estando com a vida relativamente boa, não
se sentem felizes!
Indiscutivelmente, vivemos tempos
difíceis, com crises de todo tipo a nos “bater à porta”, mas há um tipo diferente
de crise que acomete algumas pessoas. São pessoas com um bom emprego, amigos e família,
conseguem ter momentos de lazer agradáveis, mas ainda assim, quando param por
alguns instantes, sentem um vazio no peito como se sempre estivesse faltando
algo…
Nesses casos, esse tipo de
sentimento ou sensação é o que caracteriza o que chamamos em Psicologia
Transpessoal de crises do Ser ou crises espirituais. Vejamos algumas de suas
causas:
- a gratificação dos sentidos como
muito importante na vida dessas pessoas: cuidam da aparência (estar sempre
jovem, atraente, sexy), mas muito pouco da qualidade da saúde; endividam-se comprando
roupas e sapatos de grife, mas acham caro investir no próprio autoconhecimento;
- enriquecer é sua meta: muitos dizem
querer ganhar logo “seus milhões” para não terem que trabalhar a vida toda,
desvinculando trabalho de prazer e autorrealização. Enriquecer é motivo de
viver;
- relações familiares e sociais
vividas sem muito investimento afetivo. As pessoas acabam sendo “descartadas”
se não são ou agem de determinada maneira;
- se há uma crença espiritual é
de forma convencional, não sentida nem transposta para o cotidiano, mas apenas
um cumprimento de ritos que nem sempre se sabe o sentido;
- e por último, mas não menos
importante, a vida é vivida sem um propósito, uma razão de ser.
As consequências disso são
inúmeras e importantes! Geram perturbação ou infelicidade com ou sem causa
aparente, até depressão e ideias de suicídio. A vida fica esvaziada de um
sentido maior do que simplesmente satisfazer os sentidos, as aparências, a
materialidade.
Essa insatisfação pode surgir súbita
ou lentamente, nada parece preencher, trazer prazer e bem-estar como antes. Além
disso, é comum ouvirmos relatos de que falta algo não definido, indescritível. Neste
momento podem surgir questionamentos filosóficos sobre a vida, do porquê e para
que vivemos, por exemplo. Quando há momentos de alívio, são temporários, logo
os questionamentos e sensações de vazio e falta de sentido voltam. Surgem autocrítica
e pensamentos autodestrutivos. Há um aumento de tensão, episódios de insônia,
distúrbios digestivos, circulatórios, glandulares… O corpo “fala” sobre este
descontentamento com a vida!
O que fazer então?!
Abraham Harold Maslow, autor
americano fundamental na introdução do tema espiritualidade em Psicologia nos
diz que “Sem o transcendente e o transpessoal ficamos doentes, violentos e niilistas,
ou então vazios de esperança e apáticos. Necessitamos de ‘algo maior do que
somos’, que seja respeitado por nós próprios e a que nos entreguemos num novo
sentido, naturalista, empírico, não eclesiástico...” (Maslow, 1968, p. 12)[1]
Ou seja, há um chamado interno
para revermos nossa concepção de vida, para olharmos a existência não apenas da
perspectiva material, buscar novas perspectivas a respeito das causas da dor e
do sofrimento, como entendemos as perdas pelas quais passamos. Há um “gritante”
chamado para buscarmos um propósito para a vida, mesmo quando tudo parece não
estar bem!
Então, meu convite hoje é o de revermos
como anda nossa espiritualidade, não enquanto crença religiosa, mas enquanto processo
de contínua evolução, que vai para muito além da racionalidade e da
materialidade, sobre como seria entender a vida de uma perspectiva mais ampla e
espiritual!
E aí, aceita refletir sobre isso?!
Bia Mattos
Psicóloga CRP 06/29269
Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos
Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.
[1] MASLOW,
A. Harold. INTRODUÇÃO À psicologia do ser. Rio de Janeiro-RJ: Livraria Eldorado
Tijuca Ltda, 1968.