Prof. Pedro V. Marques
Logo após me tornar professor da Esalq em 1986, dei algumas aulas no MBA em Agronegócios da FGV em São Paulo, coordenado pelo professor Marcos Fittipaldi. Por meio dele, conheci o prof. Marcos Cintra (homem do Imposto Único), na época diretor da FGV São Paulo. Iniciamos então uma conversação em relação a criarmos um programa conjunto em Agronegócios FGV-Esalq com sede na Esalq.
Dentro deste projeto, pensei num prédio próprio na Esalq, bonito, salas de aula executivas, coisa de primeiro mundo, onde se localizariam as salas de aula e demais dependências do programa. O prof. Marcos Cintra lembrou que a Fundação Kelloggs dos Estados Unidos tinha bancado um MBA em Gestão Hospitalar na FGV e talvez bancasse o programa que estávamos pensando.
Ele convenceu o prof. Marcos Kissil (coordenador da Kellogg Foundation no Brasil) e conseguiu então recursos junto à Kellogg, e lá fomos nós quatro (eu e José Noronha da Esalq; Marcos Cintra e Marcos Fittipaldi da FG) em 1988 conhecer programas de MBA começando pela Earth University (Costa Rica), Porto Rico, depois Gainesville na Florida, Purdue, Ohio State, Michigan até chegarmos a Minnesota. Foram 45 dias de viagem de avião e carro até chegarmos à sede da Kellog em Minesotae, e lá fomos nós apresentar o projeto. Infelizmente, não foi aceito porque segundo o pessoal da Kellogg, agronegócio era negócio para grandes produtores, e eles só apoiavam projetos voltados para pequenos produtores.
Voltamos para o hotel frustrados. Eu então comecei a pensar numa outra ideia baseada numa conversa que tivera com o prof. José Noronha, o qual fizera o curso técnico agrícola na formação de segundo grau. Segundo ele, os técnicos agrícolas eram geralmente filhos de pequenos produtores e tendiam a voltar para a propriedade após a formação no colégio técnico, e com isso desenvolviam a produção. Numa noite, escrevemos um projeto propondo a melhoria das Escolas Técnicas Agrícolas do Estado de São Paulo.
Este projeto, denominado Desenvolvimento Rural Integrado (DRI), foi aprovado pela Fundação Kellogg, e trouxemos um milhão de dólares para dentro da Usp. Estávamos no final de 1988, constituímos então o Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Desenvolvimento Rural Integrado (Nace-DRI) assim estruturado:
Prof. José Noronha - presidente
Prof. Fernando Curi Peres - responsável pela formação de líderes rurais nas Escolas Técnicas
Prof. Pedro V. Marques - responsável pelo treinamento de professores e programa de estágios de alunos das Escolas Técnicas.
Profa. Zilda Mattos - responsável pelo desenvolvimento de Custos de Produção com o uso de planilhas eletrônicas.
Assim que retornei do pós-doutorado no primeiro semestre de 1989, comecei meu trabalho com as Escolas Técnicas e percebi que uma das queixas dos professores era que podiam dar aula em Colégios Técnicos, mas não podiam ser responsáveis, assumir as disciplinas porque não eram licenciados. Lembrei-me então que a Esalq tivera um programa antigo de licenciatura conduzido por um pessoal de São Paulo que dava aulas aqui nos fins de semana. Descobri que em Viçosa já existia um Programa de Licenciatura em Ciências Agrárias para os alunos de Agronomia de lá.
Comecei então a desenhar um programa que não teria vestibular, destinado aos alunos de Agronomia da Esalq e feito à noite paralelamente à graduação. Conheci então o prof. Ayrton de Almeida Tullio, que tinha sido contratado em modo temporário para dar aulas de Sociologia. O prof. Tullio, pedagogo, era ex-professor e ex-diretor de escola pública em Piracicaba. O Tullio comprou a ideia e juntos partimos para implantar o programa na Esalq.
Para isto, precisávamos de doutores em educação. Descobrimos em seguida que na Esalq havia professores que tinham feito doutorado em Educação: Fábio Poggiani, Maria Angélica Pennati Pipitone, Marcos Sorrentino, Ayrton Tullio. Recebemos muito apoio do diretor da época, prof. Evaristo Marzabal Neves, e depois de muito vai e vem, a Licenciatura em Ciências Agrárias foi criada em 1995. O curso era oferecido para alunos de Engenharia Agronômica e Engenharia Florestal da Esalq e para alunos da Faculdade de Zootecnia da Usp em Pirassununga.
O programa visava formar professores para lecionar disciplinas relacionadas à produção agrícola e animal nas escolas de 1º e 2º Graus. Tínhamos também a intenção de formar pessoal para liderar a formação de recursos humanos nas empresas do agro. Não contratamos nenhum professor externo, e o primeiro coordenador do programa foi o prof. Ayrton, tendo eu como vice. Após algum tempo, o prof. Ayrton veio a falecer e eu assumi a coordenação do programa de licenciatura.
Permaneci na coordenação do curso nas primeiras turmas, logo em seguida a professora Maria Angélica assumiu. Continuei meu trabalho de ensino e pesquisa e no projeto que viria a se tornar o Pecege.
Graduação em Engenharia Agronômica (Esalq/USP/1973), Ph.D. em Applied Economics (University of Kentucky EUA,1982), Professor Titular Senior, Departamento de Economia e Administração Esalq/USP. Fundador do Pecege.