13.Promessa
Certa vez em uma aula de português a professora sugeriu que escrevêssemos frases ou poemas a partir de palavras recortadas de revistas ou jornais, eu cursava o ensino fundamental ainda, mas sempre gostei de escrever e de criar. A palavra que sorteei foi PROMESSA, escrevi então o poema a seguir em questão de minutos, o que impressionou a minha professora. Que bom!
Promessa (Wana Narval)
Promessa
Confessa
A essa
Remessa de gente
Que mente
E sente a falta
De quem
Confessa
Fazendo
Promessa
Jurando
A essa
Remessa de gente
Que um dia
Pra frente
Fazendo
Promessa
Pra outra
Remessa
Falará
Da gente
Sempre gostei de poemas, minha mãe declamava alguns de cor e tinha um livro de poemas de capa vermelha na estante que ela contava que havia ganho do meu pai, que ela adorava.
Das coisas que ela possuía, as mais importantes, sem dúvida, eram os livros, ficava toda orgulhosa da sua pequena biblioteca. Acho que ela ficaria feliz em saber que tenho escrito...
Para ela, não fiz nenhuma promessa especificamente, mas dediquei meu livro à sua memória. Penso que, não são as coisas que prometemos fazer que nos aproximam das pessoas que amamos, mas aquilo que fazemos por elas, sem que esperem, por amor, por gentileza, por carinho.
No nosso dia a dia, não é tão fácil manter a poesia das coisas, a rotina, por vezes nos deixa exaustos, mas é preciso enxergar beleza nas pequenas coisas para acordar no dia seguinte e fazer tudo “quase” igual.
“Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã
Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café
Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão
Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão
Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor”
Música Cotidiano de Chico Buarque.
Colunista:
Wana Narval
Cantora, pedagoga, licenciada em Música, mestre em Educação e escritora, é uma artista atuante na cidade de Piracicaba, participando de diferentes projetos culturais. Já cantou como back vocal com a dupla Cézar e Paulinho e foi vocalista na banda Opus, Falando da Vida, Revivendo. Intérprete versátil e eclética, domina diversos estilos musicais e canta em variadas línguas, atualmente integra a Banda Claro Cristal, Banda JáQue, Ternamente eclético, Casa de Noel, como a Mamãe Noel e o Duovox.
Instagram @wananarval
Email wanabackvocal@hotmail.com
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Bom dia minha cantora preferida. Parabéns pela crônica. Maravilhosa e nos traz muita recordação e muita, muita saudade. Parabéns e que Deus continue abençoando o seu especial talento.