Por Adriana Passari - @adrianapassari

 

No meio da pedra tinha um caminho

 

Ela ia por uma estrada, de terra, a caminhar. Não ia sozinha, contava ela com um grupo de amigos, tão adolescentes quanto ela, curtindo uma pequena aventura pelo lado de fora das cercas do sítio da família de um dos colegas. O destino era alguns quilômetros ali por perto, atravessando uma outra cerca, desta vez, de propriedade desconhecida. Uma pequena contravenção sugerida por um dos membros daquela gangue da cidade tão pouco acostumada com as arapucas da zona rural. Como nessa idade todos tem juízo de menos e energia de mais, lá estavam a caminho da diversão anunciada. Caminhavam e riam, sem ter certeza de onde iam chegar. Mas chegaram.

Na beira da estrada havia uma cerca com arame farpado, porém, o terreno tinha grandes formações rochosas, bem no limite da propriedade, provocando desníveis nas estacas e com isso formando espaços irregulares entre as serpentinas de arame, um prato cheio para quem busca a ousadia de uma invasão. As pedras gigantes, além de facilitarem o acesso, escondiam o que havia por trás, a ser explorado.

Mais um ingrediente para tornar a aventura irresistível. Aproveitando a brecha, um de cada vez se agachou com cuidado impulsionando o corpo em direção à pedra e assim espremidos entre a pedra e o arame conseguiram a proeza, sem maiores complicações.

Avançaram invadindo o terreno alheio, ainda entre as pedras, uma descida meio escorregadia, seguiram por ela até que o estreito caminho se tornou uma subida. Subiram, até que encontraram o final das pedras e vislumbraram um grande terreno com algumas árvores e predominância de capim. Seria um pasto? Correram, rolaram, viraram estrela, riram empurrando um ao outro. Olhando para trás de onde saíram se surpreenderam com a beleza do lugar. O caminho por onde vieram era uma fenda numa pedra enorme, quase uma caverna. Mas a alegria do momento deu lugar ao grande susto. É que eles demoraram a perceber que ali bem perto de onde estavam, pastavam serenas algumas vaquinhas com aparência tranquila.


Só que logo mais ao lado, um touro com cara de poucos amigos os encarava. E assim que registraram sua presença, ele começou a vir na direção da turma. Primeiro devagar e depois acelerando os passos. Todos gritaram e saíram correndo em direção a umas pedras menores que puderam escalar para ficar a salvo do ataque iminente. Tiveram que ficar por lá mais tempo do que previam até não ver mais a sombra do animal. A paisagem fez a espera valer a pena! Anos mais tarde, alguns deles conheceram essa paisagem de um outro ângulo... Mas daí já é o começo de uma outra história!

Ouça a história na voz de Adriana Passari:

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