Por Adriana Passari - @adrianapassari
O fim da picada
Ela chegou no trabalho já meio cansada do dia anterior que não tinha dado trégua. Mal descansou já era hora de voltar para o trabalho mais uma vez. Não era o melhor trabalho do mundo, mas pagava suas contas e permitia uma certa autonomia. Não era incomodada por quase ninguém. Naquele dia, porém, um intruso inesperado fez o seu dia ficar mais agitado que o costume. Sentada em sua cadeira ergométrica, lidando com as demandas do início do dia, ouviu um zumbido irritante. Era zzzzzzzum pra lá e zzzzzzzuuuuuuummm pra cá.
@estelamenegalli
Desconcentrou totalmente do trabalho para se dedicar exclusivamente a localizar o responsável por aquela “zumbição” toda. Avistou o meliante, preparou o bote e bateu palmas no ar certa de pegar o mosquito e esmagá-lo para acabar com o problema. Ao abrir as mãos percebeu que a tentativa tinha sido frustrada. O danado continuava em sua busca de sangue de uma vítima, que no caso seria ela. Vigiou o inseto em pleno vôo em busca de uma nova oportunidade para acabar com sua vida. Tentou uma, duas, três vezes e não obteve sucesso. Já estava começando a chamar a atenção dos demais colegas de escritório. Resolveu mudar a estratégia. Sacou o borrifador de álcool líquido que mantinha em sua mesa desde a pandemia.
Empunhou a arma com firmeza, e em silêncio, sem movimentar-se, aguardou que o mosquito desse as caras novamente. E ele apareceu. Mas desta vez foi alvejado com muitos esguichos de álcool e caiu sobre a mesa de trabalho. Vitória! Retomou suas tarefas. Mais tarde, quando se lembrou de limpar a mesa com um lenço de papel para retirar o inseto, percebeu que ele estava vivo, se arrastando a caminho da beirada da mesa, como um sobrevivente no deserto, deixando atrás de si um rastro no meio da poça de álcool que foi espirrado no ataque. Aquele seria o momento perfeito para terminar de eliminar o adversário. Porém, ela teve pena de aniquilar o inimigo em seu momento mais fragilizado. Assistiu seus movimentos naqueles últimos centímetros que faltavam até a beirada da mesa e o deixou partir voando. Torceu para que ele tivesse aprendido a lição e não voltasse mais a incomoda-la.
Ouça a história na voz de Adriana Passari:
Deixe seu Comentário
Já dizia o ditao... - É o fim da picada! Disse o mosquito que encontrou o jato de inseticida em sua direção.