A Internet facilitou as interações sociais, o processo de comunicação e o acesso instantâneo a uma gama de informações. Navegar na Internet multiplicou as oportunidade de aprendizado e conexão. Todavia, concomitante a esse cenário de inclusão digital, riscos também surgiram, principalmente os que envolvem as crianças e os adolescentes. “No mundo cada vez mais conectado onde um terço dos usuários da Internet é criança, a inocência da infância e da adolescência é frequentemente confrontada com uma série de perigos online que podem alterar drasticamente suas vidas em um piscar de olhos”, explica Karina Morato Queiroz, Executiva de Cibersegurança e Fundadora do Teckids.

Os riscos são diversos, desde a exposição de dados pessoais, o cyberbullying, os chamados “desafios perigosos” (que envolvem asfixia e sufocamento, por exemplo), as ameaças de revelação de informações íntimas, as práticas invasivas de abuso sexual e uso de imagens produzidas e compartilhadas entre adultos e crianças. O tempo de permanência navegando nas plataformas e nos apps de comunicação instantânea aliados à falta de maturidade e discernimento dos internautas nessa faixa etária potencializaram as ameaças de segurança cibernética, lista a executiva.

“Sexting”, “Sextorsão” e aliciamento digital

                De acordo com Karina, as possibilidades de comunicação e interação são variadas e facilitam práticas como o “sexting” que é o compartilhamento de mensagens com teor sexual. Além de ser uma ação prejudicial para a formação da criança e do adolescente, as consequências do “Sexting” podem ser devastadoras como o vazamento proposital ou acidental do conteúdo. Há também o risco da “Sextorsão”, em que as vítimas de "nudes" – imagens com teor erótico - compartilhados são coagidas a ceder às exigências dos criminosos sob a ameaça de exposição pública, perpetuando um ciclo de abuso e medo.

                Problemas não se residem somente na esfera sexual, uma prática comum feita por pessoas mal-intencionadas é o aliciamento digital, que é uma aproximação com o objetivo de recrutar, conectar com a criança, para que execute ações de interesse do aliciador. Por fim, Karina cita outros problemas críticos como o acesso às propagandas maliciosas e a violência explícita que cada vez mais se torna realista com o uso de Inteligência Artificial (IA).

O papel da coletividade, pais e educadores e a importância da informação

                Karina traz um dado interessante sobre pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (cetic.br). A TIC Kids Online 2022 mostrou que cerca de 32% das crianças brasileiras de 11 a 17 anos buscam apoio emocional na Internet, seja pelas redes sociais ou mesmo no WhatsApp. Segundo a executiva, isso acontece porque a Internet, além do apelo fascinante, cria uma falsa sensação de porto seguro, sem críticas e de grande influência. Além da questão da confiabilidade que internet propicia, Karina relata o uso inadequado dos dispositivos e ambientes digitais. A maioria das redes sociais, como o Instagram, permite a criação de perfil somente a partir dos 13 anos de idade. Inclusive tramita no Senado Federal o Projeto de Lei 2.628/2022 que proíbe a criação de contas em redes sociais por menores de 12 anos. Assim como o uso de tela não é recomendado para crianças antes dos 2 anos de acordo com a orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Na prática, ambas questões acabam, em muitos lares, não ocorrendo, até pela própria desinformação dos responsáveis. As crianças começam usar as redes sociais mais cedo e muitos pais usam a tela como uma espécie de “babá digital”.

                Assim, Karina orienta que a informação é o melhor caminho para combater os riscos que a Internet oferece. “É nossa responsabilidade individual e coletiva garantir o uso da Internet com segurança, seja criando vínculos e participando de imersões de educação a respeito, como cobrando a implantação de políticas e processos que garantam os direitos das crianças e dos adolescentes online e offline. A educação sobre o assunto é o primeiro passo”.

Evento aborda a proteção das crianças e dos adolescentes na Internet

Acontece no dia 25 de maio, das 8h30 às 17h30, Cyber NexGen, evento promovido pela Teckids – instituição pioneira na educação em proteção online - em parceria com o Pecege e que tratará de segurança digital para crianças e adolescentes. O evento é direcionado também a pais, tutores e toda comunidade interessada no tema. O Cyber NexGen ocorre na sede do Pecege e trará na programação Oficinas de Cyber Segurança e Tecnologia para as famílias, rodas de conversa, apoio parental, Estação "Família Segura" - configuração de segurança no celular e aplicativos, além de jogos, sorteios, palestras e presença de Food Trucks. O evento ocorrerá de maneira presencial, mas também contará com atividades online, como jogos e palestras. O Pecege se localiza na Rua Cezira Giovanoni Moretti, 580, Bairro Santa Rosa, Piracicaba, SP. Mais informações e inscrições podem ser acessadas pelo link www.teckids.com.br/cybernexgen2024.

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