Texto: Silvana Duarte Cavicchioli
O secretário da Ação Cultural, Adolpho Queiroz, recebeu na manhã de terça-feira, 05/07, representantes do Arquivo Histórico do Estado de São Paulo (AHSP), com o intuito de decidir o melhor destino para o acervo cultural do Engenho Central, fundado em 1881, e do bairro Monte Alegre, que data do século 19.
Ao todo são 1.900 caixas com vários tipos de documentos, fotos, registros antigos de ex-funcionários, plantas, projetos arquitetônicos, livros, entre outros importantes manuscritos que atualmente estão guardados nos Barracões 5 e 9 - sendo 1.600 e 300 certidões respectivamente, que testemunham e perpetuam a história de Piracicaba - oriundos do Engenho Central e da Usina Monte Alegre, que hoje comporta a empresa Oji Papeis.
De acordo com Queiroz, essa discussão é muito importante porque o valor desse acervo é inestimável para a história cultural de Piracicaba. “Ao mesmo tempo que queremos deixar esse material exposto, tanto para pesquisas como para conhecimento da população piracicabana, precisamos cuidar para que esse acervo fique em um lugar seguro e propício, preservando a integridade física de toda a documentação”, afirma.
Durante a reunião, o AHSP cogitou a possibilidade de o acervo ser transferido para São Paulo. Mas, segundo Adolpho Queiroz, esse material completa a história piracicabana e pertence à cidade. “Houve proposta para que formulemos um termo de cooperação entre a Semac e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo para que esse material tenha uma melhor organização e destino. Já temos colaboradores para trabalhos de higienização, catalogação e restauração, bem como do Arquivo Histórico da Esalq, e do Centro de Memória da Unicamp. Contudo, precisamos de mais parceiros para viabilizar este processo”, conclui.
Participaram do encontro Thiago Nicodemo, coordenador do Arquivo Público do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia, diretor no Arquivo Público do Estado de São Paulo, Haike Kleber da Silva e Amanda Caporrino, diretora e historiadora do GEI-UPPH/Secretaria de Cultura e Economia Mista do Estado de São Paulo, respectivamente.
HISTÓRICO – O bairro Monte Alegre surgiu no século 19, com a chegada dos imigrantes italianos para trabalhar na Usina de Cana-de-Açúcar. Mais tarde, em 1910, a Usina foi adquirida por Pedro Morganti, que construiu uma colônia, às margens do rio Piracicaba, e que serviu de moradia para os 1.700 moradores da época. O local possuía médicos, farmácia, escola, mercearia, armazém, padaria, cinema, biblioteca, clube de futebol e a Capela de São Pedro, construída em 1930, nos moldes da Igreja Bozzano, para que os moradores se sentissem próximos de sua terra natal e de sua fé. Atualmente, o bairro vem se transformando em centro cultural e gastronômico.
Já o Engenho Central, com 141 anos de idade, é um dos mais belos cenários arquitetônicos do Estado de São Paulo e do Brasil. Também é um significativo sítio histórico da evolução urbana de Piracicaba. Um patrimônio devidamente tombado em âmbito municipal (Codepac), estadual (Condephaat) e em processo de tombamento nacional pelo IPHAN.
Encravado dentro de um parque com mais de 85 mil m², à margem direita do rio que dá nome à cidade, seu conjunto de imponentes edificações datadas dos séculos 19 e 20 que um dia abrigaram moendas, caldeiras e armazéns para a produção e estocagem de açúcar e álcool.
O Engenho Central tornou-se um importante complexo artístico-cultural, que recebe anualmente importantes eventos como o Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Desde março de 2012 passou a abrigar também o Teatro Municipal Erotides de Campos, (Teatro do Engenho) dotado de estrutura cênica de primeiríssima qualidade.