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Coluna - Crônicas do bem viver musical

Publicada em: 08/05/2025 07:35 - Colunas

 

34. Mãe

Mais um Dia das Mães sem a presença da minha mãe...

Perder a mãe é algo que não se explica...

Já perdi meu pai também e foi uma dor tremenda, mas perder minha mãe foi o que nos tornou órfãs de verdade. Digo nós porque tenho minha irmã, que compartilha da mesma dor.

Um dia em que vivíamos como todos os outros, ela adoeceu e aos poucos foi nos deixando...Como não lembrar da última lágrima derramada por ela, enquanto estava entubada e nós rezando a Ave Maria.

Agora e na hora de nossa morte...Amém.

Pois é... não a temos mais perto de nós, mas nos vemos nela, em nossas atitudes, lembranças, pensamentos.

Ela está sempre presente.

Fazemos questão de falar sobre ela, de dedicar-lhe nossas memórias, de exaltar seu nome em nossas conversas, principalmente com minha sobrinha, para que ela saiba o quanto herdou da avó que a amava tanto.

Hoje em dia, eu encaro a finitude com o coração mais tranquilo. Ao longo dos anos, muitas pessoas especiais para mim, se foram...então eu aceito as perdas e procuro olhá-las como são. Inescapável parte da vida.

Espero que todos os que ainda têm suas mamães por perto, aproveitem da sua companhia e a agradeçam por tudo o que elas fizeram por vocês.

As mães não são seres perfeitos, mas eu creio que mesmo que elas errem foi tentando acertar.

Encerro a crônica de hoje, não com música, mas com um lindo poema de Carlos Drummond de Andrade de 1965, intitulado:

Para sempre

 

Por que Deus permite

que as mães vão-se embora?

Mãe não tem limite,

é tempo sem hora,

luz que não apaga

quando sopra o vento

e chuva desaba,

veludo escondido

na pele enrugada,

água pura, ar puro,

puro pensamento.

Morrer acontece

com o que é breve e passa

sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça,

é eternidade.

Por que Deus se lembra

- mistério profundo -

de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,

baixava uma lei:

Mãe não morre nunca,

mãe ficará sempre

junto de seu filho

e ele, velho embora,

será pequenino

feito grão de milho.

 

Colunista:

 


Wana Narval

Cantora, pedagoga, licenciada em Música, mestre em Educação e escritora, é uma artista atuante na cidade de Piracicaba, participando de diferentes projetos culturais. Já cantou como back vocal com a dupla Cézar e Paulinho e foi vocalista na banda Opus, Falando da Vida, Revivendo. Intérprete versátil e eclética, domina diversos estilos musicais e canta em variadas línguas, atualmente integra a Banda Claro Cristal, Banda JáQue, Ternamente eclético, Casa de Noel, como a Mamãe Noel e o Duovox.

 

Instagram @wananarval

 

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