34. Mãe
Mais um Dia das Mães sem a presença da minha mãe...
Perder a mãe é algo que não se explica...
Já perdi meu pai também e foi uma dor tremenda, mas perder minha mãe foi o que nos tornou órfãs de verdade. Digo nós porque tenho minha irmã, que compartilha da mesma dor.
Um dia em que vivíamos como todos os outros, ela adoeceu e aos poucos foi nos deixando...Como não lembrar da última lágrima derramada por ela, enquanto estava entubada e nós rezando a Ave Maria.
Agora e na hora de nossa morte...Amém.
Pois é... não a temos mais perto de nós, mas nos vemos nela, em nossas atitudes, lembranças, pensamentos.
Ela está sempre presente.
Fazemos questão de falar sobre ela, de dedicar-lhe nossas memórias, de exaltar seu nome em nossas conversas, principalmente com minha sobrinha, para que ela saiba o quanto herdou da avó que a amava tanto.
Hoje em dia, eu encaro a finitude com o coração mais tranquilo. Ao longo dos anos, muitas pessoas especiais para mim, se foram...então eu aceito as perdas e procuro olhá-las como são. Inescapável parte da vida.
Espero que todos os que ainda têm suas mamães por perto, aproveitem da sua companhia e a agradeçam por tudo o que elas fizeram por vocês.
As mães não são seres perfeitos, mas eu creio que mesmo que elas errem foi tentando acertar.
Encerro a crônica de hoje, não com música, mas com um lindo poema de Carlos Drummond de Andrade de 1965, intitulado:
Para sempre
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Colunista:
Wana Narval
Cantora, pedagoga, licenciada em Música, mestre em Educação e escritora, é uma artista atuante na cidade de Piracicaba, participando de diferentes projetos culturais. Já cantou como back vocal com a dupla Cézar e Paulinho e foi vocalista na banda Opus, Falando da Vida, Revivendo. Intérprete versátil e eclética, domina diversos estilos musicais e canta em variadas línguas, atualmente integra a Banda Claro Cristal, Banda JáQue, Ternamente eclético, Casa de Noel, como a Mamãe Noel e o Duovox.
Instagram @wananarval