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21 Dias de Ativismo é uma realidade dos 365 dias do ano

Publicada em: 06/12/2025 09:02 -

Todos os anos, entre 20 de novembro e 10 de dezembro, o mundo se mobiliza nos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, uma campanha internacional que simboliza um esforço contínuo para enfrentar uma das mais persistentes violações de direitos humanos.

No entanto, no Brasil, essa mobilização carrega uma urgência particular: somos um dos 10 países mais machistas do mundo, segundo indicadores internacionais.

A rotina cotidiana confirma a estatística. Ainda neste mês, em menos de uma semana, dois casos de feminicídio estamparam as redes e noticiários, uma delas na cidade de Iracemápolis e outro na cidade de Pirajú/SP, em que uma advogada foi morta a facadas e, não suficiente, seu pai também foi morto enquantoa defendia.

É assim, entre um compromisso e outro, que o país revela, quase de forma banalizada, a brutalidade que atravessa a vida das mulheres brasileiras.

A violência se apresenta em múltiplas formas: física, psicológica, patrimonial, sexual e também se manifesta nos espaços institucionais, por meio da violência política de gênero.

Embora políticas públicas importantes tenham sido implementadas nas últimas décadas, como a Lei Maria da Penha e a criação de redes de atendimento, patrulhas especializadas e delegacias da mulher, os índices de violência seguem elevados. Isso evidencia que o enfrentamento não se limita a ações pontuais, mas exige uma transformação estrutural profundamente enraizada na cultura e nas instituições.

A campanha dos 21 Dias de Ativismo nos lembra que a violência contra a mulher não é um fenômeno isolado nem episódico. Trata-se de um problema que atravessa classes sociais, religiões, territórios e identidades. É um mecanismo que impede mulheres de exercerem sua cidadania em pleno direito, colocando em risco a própria noção de democracia.

Uma sociedade que naturaliza ou tolera a violência contra metade de sua população está longe de garantir igualdade, liberdade e dignidade.

Nesse sentido, os governos locais desempenham papel fundamental. É nos municípios que a violência ocorre, e é neles que se materializam, de forma imediata, as políticas de prevenção, acolhimento e proteção.

Como representantes do Partido Verde, reafirmamos publicamente os valores que sempre orientaram nossa trajetória política desde 1986Sendo eles: Ecologia, Cidadania, Democracia, Justiça Social, Liberdade, Municipalismo, Espiritualidade, Pacifismo, Diversidade, Internacionalismo, O Saber e a Cidadania Feminina.

O Partido Verde nasceu comprometido com uma democracia que reconhece e protege a dignidade humana em todas as suas expressões, e desde então tem se posicionado como uma das vozes pioneiras no país na defesa inegociável dos direitos das mulheres, da equidade de gênero e do combate a todas as formas de violência.

Para além de legislar, é essencial investir na formação continuada de profissionais da saúde, segurança, jurídica e assistência social, assegurando que o atendimento seja humanizado, ágil e eficiente.

Da mesma forma, políticas de longo prazo devem ser fortalecidas: programas educativos que combatam o machismo desde a infância; campanhas permanentes de conscientização; estruturação de abrigos temporários; oferta de atendimento psicológico e jurídico.

Enquanto não houver a garantia de que todas essas ações sejam orientadas por dados confiáveis, orçamento adequado e participação social, continuaremos com os mesmos noticiários de dor, de injustiça, come levados órfãos do feminic[idio, elevados problemas de saúde mental, ansiedade,problemas de auto mutilação, entre tantos  .

É igualmente urgente reconhecer que as mulheres não vivenciam a violência da mesma maneira. Mulheres negras, indígenas, rurais, LGBTQIA+ e com deficiência enfrentam barreiras adicionais e, por isso, devem estar no centro do planejamento das políticas públicas.

Os 21 Dias de Ativismo não são apenas um marco no calendário. Mais do que uma campanha, é um chamado que exige responsabilidade coletiva de governos, instituições, imprensa e de toda a sociedade.

É nessa coerência histórica que seguimos reafirmando que a luta das mulheres pela vida, pela liberdade, pelo direito de existir sem medo, é parte essencial do projeto de sociedade que defendemos ontem, hoje e sempre.

 

Texto: 

Silvia Morales — Engenheira Civil, Mestre em Urbanismo e Vereadora do Mandato Coletivo “A Cidade é Sua”.

 

Elisângela Pauli — advogada, filiada ao Partido Verde e Assessora do Mandato Coletivo “A Cidade é Sua”.

 

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