Por Adriana Passari - @adrianapassari
As três Marias
Maria Amélia, Maria Herminia e Maria das Graças eram três amigas que viram seus destinos ser cruzados pelas coincidências de se chamarem Maria e por frequentarem a mesma pré-escola, já que moravam em bairros próximos da escola Dirceu Pereira que atendia todas as crianças, da pré-escola ao colegial. As Marias, ainda pequenininhas brincavam junto com os demais coleguinhas de classe juntando os bloquinhos, fazendo figuras de massinha e até construindo castelos e bolos no tanque de areia da escola.
Pra facilitar na hora de recolher as crianças após o recreio as tias chamavam logo as três de uma só vez: - Marias!! E as três obedeciam. Acabaram se aproximando cada vez mais por causa disso. Com o passar dos anos ficaram conhecidas até fora dos muros da escola como as Marias. As famílias também acabaram se conhecendo.
Elas brincavam ora na casa de uma, ora na outra e junto com elas, crescia também os laços de amizade. Na pré-adolescência, com a personalidade de cada uma mais evidenciada, surgiram os primeiros conflitos. Já não se entendiam tão bem como antes.
Discutiam para escolher as brincadeiras, os passeios e até sobre quem poderia se aproximar do trio. Como elas continuavam na mesma escola, mesma classe e mesmo bairro, acabavam dando um jeito de conviver bem e a amizade seguia seu curso. Aí veio a adolescência e as diferenças se agravaram. O que agradava a uma, desagradava as outras.
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E isso em todos os setores: garotos, matéria escolar, músicas preferidas, filmes, roupas, etc. As famílias até tentavam incentivar a amizade, mas ela foi naturalmente esfriando. E tudo bem. Cada Maria assumiu o seu caminho e foi seguindo por ele, sem conflitos e sem forçar uma aproximação que já não era assim tão desejada.
Hoje as Marias estão crescidas, são mulheres maduras e bem resolvidas (na medida do possível, claro). Elas não são mais tão amigas. Raramente se veem, mas guardam na memória e no coração uma história em comum que as fez mais fortes e felizes no tempo que tinha que ser.
Ouça a história na voz de Adriana Passari: