Mas o que dizer da Inteligência artificial?
Uma coisa é fato: o
avanço tecnológico é constante e afeta muitos de nós diretamente.
Criar sistemas que simulem atividades humanas sempre foi um projeto em andamento, o que nos levou a grandes evoluções. Para essas “engenhocas” demos o nome de inteligência artificial, afinal não é humana.
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Hoje, há um ramo da ciência da computação que promove
o desenvolvimento da inteligência artificial (IA, em inglês, artificial
intelligence). Projetos como sistemas que tomam decisões, reconhecem áudios
e vídeos, atuam como tutores e até jogam xadrez começaram a ser desenvolvidos
na década de 1950. Em 1997, a inteligência artificial Deep Blue derrotou
o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov. Hoje, assistentes como a Siri, dos
produtos da Apple, e a Alexa, da Amazon, foram criadas para realizar ações que
facilitam o dia a dia de seus usuários.
Apesar dessas curiosidades a inteligência artificial
surge para apoiar os humanos em tarefas complexas, como na medicina, onde, com
muito mais velocidade e precisão, consegue prever doenças e recomendar
tratamentos considerando dados de pesquisa e histórico médico, de décadas,
considerando décadas de pesquisa e histórico médico, além de fatores como o local
onde o paciente vive, o que come, que exercícios faz regularmente, quanto de líquido
consome, entre outros. Na educação, a IA pode desenvolver atividades
personalizadas para cada aluno, com base em suas necessidades e preferências. A
IA surgiu da necessidade de aprimorar processos, facilitar a vida humana e
resolver questões complexas com agilidade.
A rápida
evolução da IA trouxe à tona preocupações com a responsabilidade do
desenvolvimento e da aplicação, de modo que estejam em conformidade com os
direitos e deveres dos cidadãos, seja na Internet ou fora dela. Além disso,
todos nós precisamos entender como nos relacionar com inteligências artificiais
e com certeza repensar como estamos usando esses avanços tecnológicos. Veja
algumas questões sobre as quais precisamos refletir:
1. Desenvolvimento
de padrões irreais: A IA permite que aplicativos de edição, transformem pessoas
e cenários, muitas vezes criando modelos de beleza e estilos de vida irreais e
inatingíveis. Com esse cenário o aumento da frustração com o corpo ou a
situação de vida é certa, especialmente entre as crianças e os adolescentes.
2. Repetições
provocadas: Ver repetidamente conteúdos, como acontece nas plataformas como o
TikTok, o Instagram e o Youtube que existem para maximizar o tempo de
engajamento do usuário, o que causa o que chamamos de “loop de reforço”, quando
reduz o campo de aprendizado e desenvolvimento e exposição a novas experiências.
O problema só piora quando a exposição se dá aos conteúdos alarmantes,
angustiantes, como a violência, discurso de ódio por exemplo que além de
ansiedade e preocupação muitas vezes desnecessária pode causar medo e
desesperança.
3. É tudo rápido
demais: A repetição constante de conteúdos rápidos e intensamente estimulante
afeta a capacidade de atenção e concentração. É uma verdadeira overdose de
“dopamina” (sensação de recompensa) o que faz com que atividades que requer
foco, menos interessante. Como vão aprender sobre algo? O rendimento escolar
tende a cair.
4. Bolhas de
pensamento: Pela natureza das redes sociais de fortalecer comportamento, conteúdos
são sempre reforçados e a pessoa fica em uma verdadeira bolha de opiniões e
pensamentos, onde apenas um ponto de vista se sobressai. Deste modo há uma
desmotivação do desenvolvimento do senso crítico (quando você não é maria vai
com as outras, estuda e tem outras opiniões) e uma grande intolerância com
opiniões contrárias.
5. Golpes mais
sofisticados: Se é possível alterar vídeos e áudios significa que criminosos vão e
já estão se fazendo passar por outras pessoas para conseguir o que querem. Sabe
quando alguém manda um áudio com a voz de um parente dizendo que sofreu um
acidente e pede dinheiro? Então, agora imagina quando enviarem um vídeo com o
rosto de alguém da família? Difícil de reconhecer a fraude e por isso precisamos
tomar algumas precauções e ficar cada vez mais espertos.
6. Regulamentação
em discussão, ainda: A União Europeia já propôs a primeira lei global
para regular a IA ressaltando a necessidade de segurança na manipulação de
dados pessoais e sensíveis como a biometria (sabe aquela foto que o aplicativo
do banco pede? É biometria). Os EUA também, em 2023 elaborou uma política de IA
e no Brasil há um Projeto de Lei no. 2.338/2023 que pretende definir diretrizes
para o uso e o desenvolvimento seguro de IA respeitando as legislações
nacionais já implementadas.
Dado tudo isso, podemos concluir que o velho ditado
“tudo tem prós e contras” deve ser considerado com urgência em nossas reflexões
sobre inovações que de um dia para outro inserimos em nossas vidas. Entender
sobre os perigos do ambiente on-line e fazer “detox”, “estabelecer uma rotina
de “tempo fora e dentro da Internet” pode definir a forma como convivemos com o
novo.
Minha mensagem final é: fiquemos mais offline do que online, protejamos nossa privacidade e cobremos mudanças e apoio das plataformas digitais, das escolas, das famílias e das autoridades.
Colunista:
Karina Queiroz é mãe, casada e possui 27 anos de experiência na área de Tecnologia e Segurança Cibernética. Fundadora do Teckids e Hackshield Brasil, Karina é uma consultora executiva renomada, com passagens por grandes empresas como BAT, Latam Airlines, PwC, Santander e Rabobank, onde ocupou cargos técnicos e gerenciais. Ela possui certificações importantes, como CISSP e CISM, além de especializações no MIT e HarvardX. Em 2022, foi reconhecida como uma das 25 principais mulheres em cibersegurança da América Latina. Karina lidera iniciativas de proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital e é palestrante em congressos nacionais sobre segurança, cibersegurança corporativa e ciber guerra.