81,5% dos crimes cibernéticos miram Instituições Educacionais
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Uma coisa precisamos
ter em mente: “Quem quer praticar um crime, vai estudar “como” fazer, “o que é
melhor usar” e certamente vai se aprofundar em entender o “alvo”.
E de repente eles
escolheram instituições educacionais. Vem ver por quê!
Escolas possuem dados
pessoais de alunos, funcionários e clientes (famílias). Dado pessoal
é qualquer informação relacionada a uma pessoa ou que a identifique, por
exemplo: CPF, endereço, e-mail, telefone e Dado sensívei é àquele
que revela a origem racial ou étnica, opiniões políticas, dados de saúde,
biométricos, escolha religiosa, entre outros.
O problema é que esses
dados são extremamente valiosos porque podem ser usados de várias maneiras
para gerar dinheiro ilegalmente. Veja como:
#1 - Criminosos usam os
dados para cometer Fraude de Identidade criando
contas bancárias, solicitando empréstimos ou até comprando em nome da vítima.
Pensa sair de uma enrascada dessas? Com informações de contas bancárias, e
normalmente as escolas possuem esses dados, mesmo que tenha coletado
quando marcou uma saída com os alunos um dia qualquer, criminosos podem
realizar transações fraudulentas, transferir dinheiro, esvaziar a conta,
comprar pela internet ou mesmo vender esses dados – repassar por um valor mais
alto.
#2 - Acredite se
quiser, mas dado pessoal vale dinheiro (marcado ilícito na Internet? Tem
e é extremamente rentável). Pensa que o criminoso conseguiu montar uma lista
com o nome, endereço e telefone de pessoas com problemas cardíacos (dados de
saúde, sensível), neste caso ele(a) já tem um produto pronto para vender para
uma clínica de cardiologistas. Faz sentido? Ah sim, sempre tem compradores. Não
só isso – é possível também obter medicamentos em seu nome, realizar fraude de
seguro entre outras coisas potencialmente piores.
#3 - Você já pensou se
você começa a receber ligações ou mensagens de criminosos pedindo dinheiro para
não divulgar a crise financeira que vive hoje ou mesmo uma deficiência de saúde
que a empresa onde você trabalha não está ciente ainda? O criminoso ameaça
divulgar informação confidencial pressionando a vítima a pagar ou fazer algo
para manter a sua privacidade. É um horror e se chama Coerção seguido de
Extorsão.
#4 – Tem a Engenharia
Social, técnica usadas por criminosos para enganar. Muitos golpes começam
assim. Sabe quando alguém finge ser você, cria um perfil falso? O criminoso
finge, engana usando seus dados pessoais e até sensíveis para obter vantagens. Já
escutou sobre golpe do pix, golpe do whatsapp, é a festa dos golpes
aqui. Se alguém tem seus dados é um passo para se passar por você.
E por último e muito
importante (deixe outros para outros posts)
#5 Tem o Ransomware
(grave e mais comum hoje), é como um programa que pode ser instalado em
qualquer computador por um criminoso. Como? Se estamos conectados à Internet
então estamos no mesmo lugar que o criminoso, por isso, para eles pode não ser
tão complexo enviar um programa malicioso para você. O ransomware primeiro
deixa o computador ilegível, pastas, arquivos, tudo fica inacessíveis,
impossível de entender o que são e depois colocar uma tela, um aviso informando
que para liberar a máquina você precisa pagar. É isso mesmo, um sequestro do
seu computador. Novamente aqui vemos que a extorsão impera.
Ah, é preciso mencionar
que ao pagar um criminoso, não é garantido de que tudo volte ao normal. Além
disso tem àqueles que pedem uma segunda quantia para não divulgar o que coletou
do seu computador enquanto estava ilegível para você. Tudo isso porque o
computador estava vulnerável e talvez a pessoa que opera também tenha caído em
alguma conversinha por e-mail, whatsapp etc.
“Guarde isso, o Ransomware
é responsável por 50% dos ataques nas instituições educacionais.” Fonte:
Sophos, em 2023
Uma coisa é certa - é
fácil obter dados pessoais e sensíveis em uma estrutura vulnerável, o que é
muito comum em escolas. O alvo dos é definido de acordo com a capacidade de se
proteger e reagir, além de ser um local onde certamente vão obter ganho
financeiro. Se as escolas estão cada vez mais na mira, podemos ter certeza
de que há lacunas.
O que fazemos? Buscamos
que as escolas cuidem de nossos dados agora!
No Brasil, a LGPD
(Lei nº 13.709/2018) regula a coleta e tratamento desses dados, com destaque
para o Art. 14, que trata de crianças e adolescentes. O ECA (Lei
nº 8.069/1990) e o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) reforçam
a privacidade e proteção de dados. Não dá para ficar no modo offline, é preciso
estar atento para saber o que fazer para se proteger!
Minha recomendação do dia: Deixe a preguiça de lado, estude um pouquinho por dia sobre os riscos e as boas oportunidades que a Internet nos trouxe e por fim divirta-se!
Colunista:
Karina Queiroz é mãe, casada e possui 27 anos de experiência na área de Tecnologia e Segurança Cibernética. Fundadora do Teckids e Hackshield Brasil, Karina é uma consultora executiva renomada, com passagens por grandes empresas como BAT, Latam Airlines, PwC, Santander e Rabobank, onde ocupou cargos técnicos e gerenciais. Ela possui certificações importantes, como CISSP e CISM, além de especializações no MIT e HarvardX. Em 2022, foi reconhecida como uma das 25 principais mulheres em cibersegurança da América Latina. Karina lidera iniciativas de proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital e é palestrante em congressos nacionais sobre segurança, cibersegurança corporativa e ciber guerra.