Por Adriana Passari -
@adrianapassari
Cadê minha esposa?
O homem vivia andando atrás de
sua esposa, nunca a encontrava, onde quer que ele estivesse. Na praia não
prestava atenção aos detalhes se ela estava de biquíni ou maiô rosa, preto ou vermelho.
Se usava canga ou calçava algum chinelo. Perambulava pelas areias e sempre se
perdia procurando.
No Shopping era sempre um Deus nos acuda, devido à grande concentração de mulheres por metro quadrado que se misturavam andando de um lado para o outro, entrando e saindo de lojas e provadores. Não a enxergava entre tantas loiras, morenas, mulatas, negras, orientais. Nos lugares mais calmos, pacatos, era mais fácil lidar com sua dificuldade, já que eram poucas as chances de confundir, mas ainda assim ele dava um jeito de olhar e não a ver. Por não abrir mão de sua liberdade de ir e vir, se arriscava em todo e qualquer lugar, sem medo. Sua “cegueira” seletiva já era famosa pelas redondezas.
Os amigos até que tentavam
ajudar, mas vez ou outra nem mesmo eles viam solução para esse defeito. Certa vez, numa grande loja de departamentos,
não a viu de imediato e saiu a procurar. Um jovem atendente, muito prestativo,
se aproximou e perguntou se poderia ajudar.
Ele foi logo informando que estava à procura de sua esposa. O rapaz
então lhe fez várias perguntas para poder anunciar no serviço de som do local.
Que roupa ela está vestindo? E a resposta foi imediata: não sei. E então vieram
as outras perguntas: qual nome dela? É alta ou baixa? Gorda ou magra? Qual a
cor dos cabelos? São curtos ou longos? Qual sua idade?
O jovem atendente atirou as
perguntas e estava pronto para anotar as respostas, porém, não soube o que
fazer quando as ouviu. Expulsou o malandro da loja, chamou reforço da segurança
e pediram que nunca mais voltasse por lá...
Ele saiu triste, cabisbaixo,
chateado, sem entender bem o porquê. Se eu soubesse como ela é eu não
precisaria procurar tanto... Um dia encontro alguém para me casar...
Ouça a história na voz de Adriana Passari: