"Existe uma expectativa muito grande de estreitamento da parceria entre o Serviço de Nefrologia da Santa Casa de Piracicaba e o Grupo de Planejamento da Secretaria de Estado de São Paulo com a finalidade específica de implantar assistência a fases precoces das DRCs- Doenças Renais Crônicas, com a participação mais intensa da Atenção Primária à Saúde".
Com essa perspectiva, o médico nefrologista Farid Samaan, do Grupo de Planejamento da Secretaria de Estado da Saúde, revelou a importância da assistência que a Santa Casa de Piracicaba tem direcionado a pacientes com DRC-doença renal crônica, por meio do aumento da oferta de diálise peritoneal e a habilitação do ambulatório de DRC para consultas especializadas, impactando positivamente os indicadores de saúde do Estado de São Paulo, de forma a beneficiar os pacientes e contribuir para o destaque estadual da Instituição.
Segundo ele, a Santa Casa de Piracicaba é uma das poucas instituições do estado de São Paulo a realizar os procedimentos do acompanhamento multiprofissional em Doença Renal Crônica, promovendo o tratamento antes que o paciente necessite de hemodiálise ou diálise peritoneal. “Pelos números apresentados, ficou claro que a Santa Casa de Piracicaba se destaca pela utilização de diálise peritoneal, percentual que ultrapassou 30% dos pacientes atendidos em 2023”, disse Farid.
 
Ele esclarece que, quando comparada com a hemodiálise, a diálise peritoneal está associada à melhor qualidade de vida, não requer deslocamentos semanais do paciente até o centro de diálise e apresenta menor taxa de internação e mortalidade; o que, segundo Farid, faz da Instituição uma das referências em DRCs no Estado, ao mesmo tempo em que eleva a DRS X a patamar de destaque no estado de São Paulo.
 
O diretor da DRS X, Moisés Taglieta, conta que os números que evidenciam a excelente performance da Instituição foram apresentados por Farid durante recente encontro promovido pela DRS X- Departamento Regional de Saúde sob o tema “Cuidados à pessoa com DRC: desafios e propostas”, para expor e analisar os detalhes, perfis e aspectos da linha de cuidado que as diversas Unidades de Nefrologia do Estado de São Paulo vêm apresentando.
 
Segundo ele, temas relacionados às doenças renais crônicas são sempre complexos. Ele lembra que os serviços de diálise estão crescendo muito e, neste cenário, é preciso atuar de forma mais contundente com relação à reação primária das DRCs até o transplante, para que esses pacientes sejam abordados em estágios cada vez mais precoces dessas doenças e tenham melhor qualidade de vida. “Observamos pacientes cada vez mais jovens em hemodiálise; então, precisamos acertar as duas pontas para que o meio funcione sempre melhor”, disse Taglieta. Ele considera “excepcional” a experiência de ambulatório de doença renal crônica da Santa Casa de Piracicaba e propõe esforços para que os demais serviços do Estado também possam oferecer esse tipo de diálise a seus pacientes. “Nossos agradecimentos à Santa Casa de Piracicaba”, disse.
A médica coordenadora da Unidade de Nefrologia da Santa Casa de Piracicaba, Sarah Mazutti Hortense, lembra que a doença renal crônica (DRC) é uma condição que afeta aproximadamente 1,5% dos brasileiros, realidade que levou o Ministério da Saúde a recomendar a ampliação da oferta de diálise peritoneal nos serviços de Atenção Especializada em DRC do SUS, de forma a proporcionar maior flexibilidade aos pacientes e melhorar os resultados de saúde.
“A apresentação do Dr. Farid mostrou indicadores positivos para a região de Piracicaba em relação às consultas especializadas em pacientes com DRC - Doença Renal Crônica e para o tratamento de Terapia Renal Substitutiva na modalidade Diálise Peritoneal e sabemos que este diferencial é da Santa Casa, pois somos a única clínica especializada em doença renal crônica e referência em atendimento à pacientes em diálise peritoneal na região”, disse a nefrologista.
 
Ela conta que, atualmente, a Unidade de Nefrologia do Hospital mantém 213 pacientes em hemodiálise e que os atendimentos em diálise peritoneal tiveram aumento, passando de 30 pacientes em 2022 para 66 pacientes em 2024; sendo 88% deles atendidos pelo SUS-Sistema Único de Saúde, com uma média mensal de 2.490 sessões. Outros 300 pacientes já passaram por atendimento na Clínica Especializada em Doença Renal Crônica, desde a abertura do ambulatório, em outubro de 2021.
 
 Para pacientes, tratamento trouxe qualidade de vida
“Agora, é vida que segue”, disse Domingos Romano Martins, de 66 anos. Ele é paciente da Clínica de Nefrologia da Santa Casa desde abril de 2024 e revela que, no início, estava muito resistente em iniciar o tratamento por meio da diálise peritoneal em casa, principalmente por causa da necessidade de instalação de um cateter para realizar o procedimento. “Isso me deixou muito inseguro; porém, um mês depois do tratamento, quando recebi toda a assistência multiprofissional para o acompanhamento da insuficiência renal crônica que passei a apresentar, eu já mantinha minha rotina de vida, sem aquela indisposição e cansaço que tanto me incomodavam”, disse.
Ele conta que a equipe conseguiu mostrar que os benefícios do cateter e de todo o procedimento em casa, seriam imensamente maiores. “Depois de passar por treinamentos  com a equipe para manutenção da máquina, assepsia e utilização das medicações, eu aceitei o desafio e, hoje, faço a terapia diariamente, durante 8 horas por dia, quando aproveito para dormir um pouco”, conta Domingos. Ele afirma que esta foi, sem dúvida, uma das melhores decisões de sua vida. “Tenho 13% de funcionamento dos meus rins e estou muito feliz com o tratamento e acolhimento que recebi; jamais vou esquecer isso”, afirmou o paciente, que mantém consultas regulares a cada 15 dias.
Quem também aprovou a iniciativa foi Janaina Aparecida de Oliveira Vilas Boas, de 36 anos. “No começo, eu tive um choque porque ninguém quer ficar doente, principalmente porque eu sou muito agitada”, disse. Com o tempo, porém, ela decidiu que “não deixaria a doença vencer essa batalha” e passou a seguir à risca a prescrição médica, fazendo exatamente o que tratamento indicava, sem entrar em desespero.
Ela conta que, antes de iniciar o tratamento da doença renal crônica, há três anos, sentia muito sono, fraqueza, mal-estar e picos de pressão alta com inchaço no lado esquerdo da perna e do pé em decorrência do funcionamento de apenas 20% de seus rins.  “Hoje, estou bem e me sentindo mais otimista com relação a um possível transplante, para o qual já estou inscrita”, disse.

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