Vício: um padrão repetitivo das escolhas que fazemos. Somos viciados em conceitos mentais e em nossas emoções. Se olharmos com verdade para dentro, identificaremos pelo menos um vício ... no mínimo um!
Mas é bem capaz que reconheçamos dois ou mais. Faça essa autoanálise.
Bebida, cigarro e tantas outras drogas. Os próprios medicamentos que pessoas usam para qualquer coisa, a todo o momento. O FANATISMO de todas as formas ... por estética e por aparência, por desempenho físico ou intelectual. Somos anoréxicos, bulímicos, compulsivos por comida, viciados em doce, em sorvete, em carboidratos, em coca-cola, ou chocólatras.
Viciados em trabalho (“workaholics”), em roer unha, em furtar, em criticar, em julgar, em comprar compulsivamente, em organizar ou limpar, em videogame ou jogos de azar, em adrenalina, em tristeza, inveja, televisão, celular, internet ... e por aí vai.
Vícios são mais do que hábitos, são coisas e situações das quais nos tornamos dependentes e não conseguimos abrir mão com facilidade. Nós gostaríamos de controlar e não conseguimos.
"É a busca pelo que dá prazer - mesmo que momentâneo - mesmo que depois vire tristeza, agressividade ou depressão. E mesmo que dure pouco, sempre queremos mais, pela sensação que o vício traz de felicidade ou prazer. São como doses ou cápsulas de alegria instantânea, com sentimento de recompensa e merecimento.", descreve a coach Renata Klingelfus Andraus.
Será que não devemos pegar mais leve conosco? Menos radicalismo ... autoanálise sempre, sem tantas 'chibatadas'. A culpa nos paralisa geralmente.
Que tal rirmos das nossas dificuldades? Não nos levarmos tão a sério!
Quanto mais consciência de si, menos dependência do externo para que sintamos prazer?
É fundamental também darmos menos importância à opinião das pessoas ... porque assim nos sentiremos menos vulneráveis e menos "dependentes" do que ( e de quem ) está a nossa volta para que nos sintamos bem. Olha aí ... mais uma "dependência".
Saudável é aceitarmos quem somos e vivermos com as dores e as delícias de sermos nós, simplesmente. Mas é difícil, né!? Para mim, algumas vezes, ainda é.
De certa forma conforta sabermos que NÃO ESTAMOS SOZINHOS.
O que existe é gente fingindo melhor, com vícios escondidos, ou mais "aceitáveis", ou menos prejudiciais. E o que é pior: viciado julgando e condenando os outros pelos vícios.
Falta de autoconhecimento ou hipocrisia pura.
De todas as dependências, que consigamos nos livrar, primeiramente, daquela que entrega ao outro a definição e a 'verdade' sobre quem somos. Porque essa costuma ser a porta de entrada para todas as outras formas de vício.
Simplesmente somos luz e sombra. TODOS. Ninguém melhor ou pior que ninguém.
E temos nas mãos a possibilidade de ESCOLHA.
ACEITEMOS nossa condição, OUSEMOS fazer o melhor que pudermos pelo nosso próprio BEM, e SIGAMOS adiante.
Vamos largar os vícios definitivamente? Não sabemos.
Conseguirmos identificá-los, tomarmos consciência, já é um super primeiro passo!
Seguimos fazendo "o melhor que pudermos", porém sem garantias.
A vida é isso. Nao há garantia de nada!
São tentativas, experiências, tropeços, quedas e vitórias. O importante é não pararmos. Continuarmos tentando e adicionarmos mais LEVEZA ao processo.
Eu sigo tentando. Sinto que, muitas vezes, a cada dois passos para frente, volto um pra trás, mas o saldo ainda é positivo. Não retorno ao mesmo lugar. E com certeza você também não.
Colunista: Gabriela Bertoli - Jornalista