Acolhendo a mim mesmo! O que isto significa???
Bom dia, caro leitor!
Hoje, gostaria de conversar um pouquinho sobre
acolhimento e, mais especificamente, sobre acolher-se a si mesmo.
No último texto, sugeri a você ser gentil
consigo e acolher-se diante de certas dificuldades. Se pensarmos no significado
da palavra acolhimento - a maneira como recebemos ou consideramos algo – parece
ser muito simples, porém, quando aplicamos o conceito a nós mesmos, nem sempre
é assim tão fácil...
Mergulhados numa cultura muito voltada ao
externo, ao que parece e não necessariamente ao que se sente, é natural que
tenhamos um “cobrador interno”, muitas vezes cruel e feroz: não faça isso, não
fale aquilo, não seja ridículo, não acredite em sonhos... E com isso, vamos
escondendo de nós mesmos o que realmente nos faz sentido e passamos a viver
mais de acordo com o que dizem ser o certo do que de acordo com o que realmente
queremos.
Raramente pensamos que dentro de nós há uma
instância sábia e benevolente que quando nos permitimos ouvir, nos leva a
fazermos escolhas coerentes e cheias de significado. Escolher a partir deste Eu
profundo permite nos livrarmos de conflitos, ansiedade, medos,
descontentamentos...
Não se
trata, obviamente, de fazermos escolhas sem consideração alguma em relação aos
demais, mas sim em termos consideração com nossas necessidades mais profundas.
Escolher o que tem sentido para nós mesmos, ajuda-nos a traçar uma rota pela
vida coerente com quem somos, com o que tem lógica e significado para nós! E é
isto que nos permitirá dar conta dos momentos de maior dificuldade, porque nosso
roteiro de vida faz sentido e cumpre um propósito!
Viver
com propósito faz valer cada esforço, nos ajuda a buscarmos desenvolver o que
temos de melhor para conseguirmos alcançá-lo. Isto permite termos uma visão da
Vida como algo estimulante e realizador!
E o
que isto tem a ver com acolhimento de si mesmo?! Tudo! Um dos maiores desafios
do século 21 é aprendermos a olhar com muita consideração às nossas
necessidades e fragilidades, sem críticas nem julgamentos, mas com gentileza!
Acolher-se
não significa fazer apenas o que se quer e desconsiderar o outro, muito pelo
contrário! Acolher-se é permitir-se ser frágil sem se sentir envergonhado por
isso, é permitir-se ser sensível sem achar-se ridículo por ser assim, é
compreender que errar faz parte de maneira inevitável da vida de
qualquer ser humano e que corrigir-se é sinal de humildade e sabedoria.
Acolher-se tem a ver com compreensão ampla de quem somos, aquele mosaico ao
qual nos referimos anteriormente em que lado a lado dentro de nós transitam a
coragem e nossos piores medos, a insegurança e nossa ousadia, a mágoa e nossa
capacidade de perdão, amor e ódio, luz e sombra...
Quando
compreendemos verdadeiramente, sem críticas nem julgamentos, que somos esta
multiplicidade de aspectos contrastantes, opostos e até paradoxais em muitos
momentos, podemos escolher qual deles reforçar, ampliar, expressar,
coerentemente com o que faz sentido e cumpre um propósito em nossas vidas.
Acolher-se
tem a ver com considerarmos de onde vem nossas necessidades e escolhermos a
forma mais harmoniosa e pacífica de compreendê-las, saciá-las e até curá-las.
Acolher-se relaciona-se com fazer o que nos traz alegria e paz, consequentemente,
nos aproxima dos demais de forma genuína, prazerosa e cheia de alegria.
Acolher-se é sermos nós mesmos, assumindo e compreendendo a forma única que
cada um de nós tem de encarnar e manifestar a Vida! E se podemos nos acolher
sem medo, acolher às necessidades do outro é consequência!
Acolher-se
a si mesmo: topa experimentar?!
Até
daqui quinze dias!
Bia Mattos
Psicóloga-CRP 06/29269
Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos
Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora
Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal
da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia:
Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta
Transpessoal.