Um vídeo publicado no TikTok pelo adolescente Lucas Santos, de 16 anos, no qual ele simula que vai beijar um amigo da mesma idade, foi compartilhado em diversas plataformas, e teria sido o gatilho para a morte dele, segundo a mãe. A publicação gerou comentários ofensivos. "Hoje eu perdi meu filho, uma dor que só quem sente vai entender. Ele postou um vídeo no TikTok, uma brincadeira de adolescente com os amigos, e achou que as pessoas iriam achar engraçado, mas as pessoas não acharam. Como sempre, as pessoas destilando ódio na internet. Como sempre, as pessoas deixando comentários maldosos. Meu filho acabou tirando a vida. Eu estou desolada, eu estou acabada, eu estou sem chão", disse na terça-feira (03/08/21).

 

Logo depois Walkyria compartilhou fotos do filho no Instagram com a legenda: "Estarei aqui levantando essa bandeira, e com todas as minhas forças juntos iremos acabar com essa 'internet doente'”. 

 

De lá para cá acompanhei psicanalistas dizendo que as “redes sociais espalham 'epidemia de mal-estar' pela humanidade” ; e especialistas orientando que não se deve compartilhar o vídeo que teria desencadeado o suicídio do jovem. 

 

Ao longo da última semana foram muitos os comentários, os compartilhamentos e polêmicas em torno do uso das redes sociais, da internet em geral, da realidade digital de nossas crianças e jovens, e dos casos de suicídio cada vez mais frequentes entre adolescentes. 

 

Li também uma abordagem bem interessante sobre o assunto. Objetiva, direta e tão oportuna. A psicoterapeuta piracicabana - Rainez Franco – em suas redes sociais postou o seguinte: "Não se iludam. O problema não é a internet. Não é dela que nasce o perigo. Admitam que o problema somos nós, e essa é a única discussão útil." 

 

Inimaginável o sofrimento dessa mãe ... o desespero, a angústia, a dor pela perda de um filho. Eu sinto muito. 

 

E sinto também que já passou da hora de pararmos para pensar com mais frequência sobre nossas atitudes frente a esse nosso 'novo tempo'. 

 

•Temos que acompanhar o ritmo? •Acompanhar de qual forma? •Estamos conseguindo nos controlar quanto ao mundo virtual? •Ou passamos mais horas online do que vivendo a vida real? Grudados em nosso aparelho celular em vez de junto dos nossos queridos, oferecendo ouvidos, palavras e colo? 

 

•E colocar limites naqueles que dependem de nós, estamos dando conta? •Sabemos o que nossas crianças e jovens estão acessando? •Como estão usando seus eletrônicos e de que maneira o tempo entre virtual e físico é administrado? 

 

•Buscamos 'likes' e aprovação?  

 

•Como nos sentimos visitando os recortes online das 'vidas perfeitas'? •Estaríamos procurando fugir da nossa realidade ou simplesmente nos divertindo? 

 

•Reservamos um espaço para aquele olhar atento e atencioso, para o diálogo face a face com nossos filhos? 

 

•Estamos identificando e respeitando a individualidade, a personalidade, de cada criança e jovem, levando em consideração que nem todos  têm preparo e força emocional para os ataques cibernéticos? Levando em conta que são muito mais cruéis do que os presenciais, porque na internet - a distância - a CORAGEM é COVARDE ... não falta gente comentando 'sem filtro' os maiores absurdos, julgando e 'atirando pedras' que nunca ousaria pessoalmente. 

Intolerância que corre solta, machuca e destrói.

 

•E afinal, estamos sendo EXEMPLO de quê? •Quais conexões valorizamos mais? 

 

•Seguimos praticando o que já sabemos que é NOCIVO por qual razão? 

 

•O 'problema' é a internet ou o MODO COMO EU A UTILIZO? 

 

"A DIFERENÇA ENTRE O REMÉDIO E O VENENO ESTÁ NA DOSE” ... Não é?

 

Eu não vim dar respostas.

 

Mas refletir junto com você.

 

Se puder enriquecer essa discussão com sua opinião, sua experiência, com o que sente no coração, está convidado(a), fique à vontade! Olhe para dentro, se questione também, e comente aqui.

 

Colunista: Gabriela Bertoli - Jornalista


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