Conversando
“conosco” mesmos!
Há
quinze dias (13/07/21), caro leitor, apresentei a você a ideia de que não somos
seres coesos, com uma personalidade bem definida como sempre pensáramos.
Estamos mais para um mosaico do que para um monobloco lisinho e sem rachaduras!
É claro que isto traz suas consequências e é sobre elas e como lidar com isso
que pretendo conversar com você hoje!
Admitir
que temos inúmeros “seres” que nos habitam e que surgem em determinados
ambientes e/ou determinadas situações é fundamental para entendermos porque
temos tantas visões a respeito de como a Vida é ou nos parece ser. Para cada
subpersonalidade (partes do todo da nossa personalidade) que temos em nós,
podemos desenvolver uma visão a respeito das coisas.
Outro
aspecto importante é que para cada subpersonalidade que temos, desenvolvemos
não só um olhar a respeito de nós mesmos como também desenvolvemos um gestual
característico, sentimos as coisas de determinada forma, usamos certas palavras
e por aí vai.
Um
exemplo pode facilitar esse entendimento: se estamos atrasados para um
compromisso e o pneu do carro fura numa avenida movimentada e sem um local para
estacionarmos, facilmente poderemos pensar: “eu não tenho sorte mesmo”, ou
“isso deve ser um sinal para eu não ir”, ou ainda “isso é praga de fulano...”.
Porém, se na mesma situação, o carro ao lado me sinaliza o pneu furado, mostra
que há um posto de gasolina a menos de 100m de distância e o trânsito está
absurdamente calmo, provavelmente pensarei: “como tenho sorte!”, ou “ainda bem
que vim por aqui” ou então, “foi meu anjo da guarda que me protegeu!”.
A
situação é a mesma, mas as reações, totalmente opostas! Qual das duas posturas
revela quem verdadeiramente sou?! As duas! Roberto Assagioli dizia que é uma
ilusão acreditar sermos seres unificados. Muitas das subpersonalidades ficam
numa briga eterna dentro de nós: “você não vai conseguir, nem tente!” e outra
diz “imagina, vai fundo que você consegue!”. Às vezes, esta luta parece
ser feroz, nos confunde e aturde!
O
caminho é reconhecermos esta multiplicidade que temos em nós, nos
familiarizarmos com cada uma dessas vozes internas e seu jeito de se apresentar
a fim de irmos na direção de controlá-las e harmonizar suas energias.
Uma
subpersonalidade rígida, como se fosse um “juiz severo”, pode nos ajudar a não
gastarmos além do que nosso orçamento permite e uma subpersonalidade
“compassiva” irá nos ajudar a não nos cobrarmos de forma cruel quando erramos.
O
importante, portanto, é:
- Observe-se! Observe
quantas subpersonalidades existem dentro de você, e lhe garanto, são
inúmeras...;
- Acolha-se! Acolha
estas diferentes maneiras de você olhar a vida sem críticas;
- Não
se julgue! Julgamentos nos restringem e você verá que há subpersonalidades
que são contraditórias, podendo fazer você se achar meio esquisito: ora pensa
assim, ora pensa assado! É assim mesmo!
Somente
percebendo e acolhendo nossos diferentes aspectos internos poderemos escolher como
realmente queremos agir! As subpersonalidades só são prejudiciais quando nos
controlam. Aliás, este é um princípio em Psicossíntese, a linha teórica com a
qual trabalho: somos dominados por tudo aquilo com que o nosso eu se
identifica, mas podemos dominar tudo aquilo de que nos desidentificamos. E isto
vale para ideias, crenças, opiniões, sentimentos, etc...
Dica
fundamental: OBSERVE-SE! A auto-observação nos permite percebermos
de onde vem, de dentro de nós, o que estamos sentindo, pensando, querendo: se
de nossos medos, crenças limitantes, da alegria ou da intolerância e assim por
diante! Com esta clareza, eu decido se me deixarei agir desta
ou daquela forma!
Boa
jornada para dentro de si mesmo! Até daqui 15 dias!
Bia Mattos
Psicóloga-CRP 06/29269
Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos
Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.