Não deixo de
pontuar as questões todas da nossa “terra de ninguém” (como costumo dizer) mais
verde e amarela, do que azul e branca: dramas sociais, econômicos, os dilemas
políticos. Enxergo, sim, tudo o que ainda precisamos melhorar, e quando trago à tona para discussão é por realmente acreditar que a partir da
reflexão buscamos caminhos, e podemos então encontrar soluções. Mas que fique
bem claro: só brasileiro pode falar do Brasil, okay!? Que não venha nenhum
gringo achar que sabe da nossa realidade! E muito menos identificar defeitos
nela. Não gosto. É assunto nosso ... “Se não pode ajudar, também não
atrapalhe.” E a gente fala, mas AMA ... e discutir, criticar e refletir com
amor no coração é muito diferente, baby.
Hoje,
completamente influenciada e inebriada pelos Jogos Olímpicos de Tóquio, venho
destacar nossos atletas que conseguiram chegar lá e são OURO, independente do
placar e dos resultados finais oficiais. TODOS. Antes de saírem daqui já eram
OURO. Ou melhor, nasceram e foram se desenvolvendo a partir dessa energia
louro-brasileira, luz dourada intensa que nos move. Os profissionais envolvidos
e que lá estão são SUPERAÇÃO PURA. Eles
são garra, e representam nossa força! A imensa maioria não teve estrutura e
apoio ao longo do processo, mas sim talento e muita perseverança! Além da
pandemia do coronavírus que impactou no treino de muitos atletas do mundo todo
... além das restrições do isolamento -
adiamentos e cancelamentos ... além do prejuízo esportivo, também o financeiro,
com o corte de verbas.
Pensando na
desafiadora e constante busca por patrocínio,
até mesmo por atletas de elite no país
antes de qualquer pandemia, é oportuno citar uma entrevista na qual Etiene
Medeiros - nadadora e ouro nos Jogos
Pan-americanos de Lima - desabafava sobre a recorrente dificuldade na busca de
um patrocínio individual: “Faço isso por amor, levantando a bandeira da natação
e do esporte feminino, mas sabemos que
educação do esporte no Brasil precisa melhorar muito.”
São altos os
custos de uma preparação de atletas, e muitos deles se veem obrigados a
conciliarem vida esportiva com outras atividades profissionais em nosso país. E
falta de apoio distrai o atleta do seu objetivo. E agora, esportistas que já
vivem de superar seus próprios limites, adversários, e desafios do Brasil,
lutando para vencer também as adversidades das olimpíadas mais atípicas da
história!
Vale pontuar que o brasileiro já é um dos recordistas
mundiais em enfrentamento de dificuldades para garantir ‘simplesmente’ o
básico: a própria sobrevivência. No meio rural e na
periferia das grandes cidades, a pobreza convive intimamente com o brasileiro,
de tal forma que, lamentavelmente, acabamos passando a encarar a pobreza com
uma “naturalidade” anormal! E o caso da
covid-19 atual serve ainda como uma forma de realçar as camufladas
desigualdades sociais. Um buraco cada vez mais fundo.
O brasileiro
lutador - que se esforça para SOBREVIVER a tudo e a tantas outras questões que
nesse atrigo não serão abordadas - é definitivamente OURO. É iluminação e
riqueza de alma.
Aos meus irmãos compatriotas eu desejo
que o OURO interno em cada um brilhe cada vez mais, gerando a energia que
encanta, estimula, motiva e movimenta. O combustível dourado – que nos leva até
Tóquio hoje - vai conduzir-nos sempre para onde quisermos, a despeito de condições adversas.
Registro aqui minha profunda admiração e todo
o meu respeito por TODOS os brasileirosguerreiros-dourados
que batalham como podem, ultrapassando seus limites, driblando um milhão de
dificuldades, superando todos os obstáculos que nossa amada pátria nos impõe. A
maioria contando apenas com a luz própria como combustível. Somos OURO.
Colunista: Gabriela Bertoli - Jornalista