Vamos começar com uma definição que já revela a base
da escrita de hoje: “Estereótipo é o conceito ou imagem preconcebida, PADRONIZADA
e generalizada estabelecida pelo senso comum, sem conhecimento profundo, sobre
algo ou alguém. Estereótipo é usado principalmente para definir e LIMITAR
pessoas quanto à aparência, naturalidade e comportamento”.
Envelhecer não é problema. Ou seria? Pra quem? Eu vejo como privilégio, e se há quem prefira a morte precoce, eu já adianto aqui que não sou essa pessoa.
Procuro tanto
VIVER!
Quando ouvi sobre o termo ‘CRINGE’, que na tradução do Inglês significa algo
como embaraçoso ou vergonhoso, me identifiquei de tal modo com algumas das
descrições, que desandei a rir sem parar.
Eu não senti vergonha em nada. Muito pelo contrário, eu adorei e me
orgulhei de alguma forma (rindo novamente agora!) ... Como entender?
Passado o momento de reconhecimento,
identificação e diversão, fiquei observando as reações ao redor, as críticas,
as centenas de posicionamentos a respeito e pensando: isso é só mais uma “fala” da imaturidade, da gracinha, daquele momento
gostoso da falta do que fazer, daquela sensação de que nunca vamos envelhecer,
da coisa que a juventude traz consigo e que é
gostosa e engraçada mesmo! E pela qual, ou estamos passando, ou ainda vamos
passar, ou já experimentamos. Todos os que estiverem vivendo, sem exceção. Quem
não?
Mas num terceiro momento me
deparei com um verdadeiro embate nas redes sociais, assustei e ponderei que não
faz muito sentido nesse tipo de
hierarquização de gerações - no caso entre as gerações Y e Z - já que nem sempre os valores dos mais jovens ou
dos mais velhos devem ser aqueles a serem seguidos. A proporção que a ‘coisa’
tomou me levou a pensar também que catalogar gostos e atitudes seria a mais “fora de moda” das manifestações.
Volto a pontuar que realmente não me
incomodei com as definições de ‘cringe’, mas
condicionar padrões e limites é a
coisa mais ‘cringe’ que existe! Não é, não ? Pense bem! Não há nada mais controverso do que constatar essa
onda vindo da geração de jovens que tanto bate no
peito e se diz sem preconceitos, livre, inclusiva,
tolerante, consciente, imparcial,
despreconceituosa. A necessidade de pautar
padrões me traz uma lembrança ditatorial. Os discursos desses jovens não estão
combinando ... diria que são contraditórios. ENQUADRAR alguém a algo ou a algum
grupo ... quer coisa mais engessada,
discriminatória e retrógrada do que isso?
Para mim não há nada mais ‘CRINGE’
do que a estereotipização.
Viver de verdade é para os que ousam assumir exatamente o que são e como são, com todos os aspectos geracionais que os moldaram. Nossa história
merece ser honrada!
Divertem-se com o que se tornaram
e vivem do jeito que querem o
presente e o futuro, absorvendo o que faz bem e faz sentido! Simplesmente
AUTÊNTICOS e sem pânico de envelhecer.
Há algum tempo tenho escrito e falado sobre meu desejo de que cada ser consiga
ASSUMIR e VIVER o que lhe faz feliz! E concluo a reflexão de hoje acrescentando
aqui o célebre pensamento de Simone de Beauvoir que também pode nos nortear:
“Que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.”
Colunista: Gabriela Bertoli/Jornalista