Às vezes, paro para pensar. Não necessariamente em mim, ou nas coisas e pessoas que me dizem respeito, mas naquilo que ouço, vejo, leio e observo e, confesso, na maioria das vezes não consigo entender certas atitudes, pensamentos e modo de enfrentar a vida. Percebo, não raramente, que as pessoas estão se fechando num mundo criado por elas e guiado por seus próprios valores. Constato, também não raramente, que sentimentos nobres como o amor, o perdão, a solidariedade e o respeito, entre outros, estão dando lugar a sentimentos odiosos como o preconceito, o egoísmo, o ódio. Crianças crescem orientadas por valores condenáveis e aprendem a valorizar o ter, antes do ser; aprendem a se impor, não a compor; aprendem que a regra virou exceção e vice e versa. Verifico, com certa frequencia, que aquilo que antes podíamos falar abertamente, hoje nos oferece riscos de sermos taxados de racistas, homofóbicos ou preconceituosos.

A livre expressão de pensamento, me parece, está proibida, não por leis, mas pelas reações intempestivas das pessoas. Estamos deixando a autenticidade de lado, para nos transformarmos em marionetes conduzidas por mãos invisíveis, mas poderosas. As pessoas são cada vez mais rotuladas, não pelo que são ou pensam, mas por aquilo que os outros pensam que elas são ou querem que sejam. A informação instantanea, via internet, transforma mentidas em verdades; os questionamentos ficaram esquecidos em função do comodismo; as dúvidas crescem porque as pessoas, talvez, não queiram buscar a verdade, quem sabe por medo. E, para não me alongar mais, constato que, não sei se por coincidência ou não, as pessoas estão também se afastando de Deus.

Colunista da Rádio Piracicaba: Carlos Eduardo Gaiad/ Jornalista



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