A
diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, hoje (29),
em Brasília, o índice de reajuste do valor da bandeira tarifária a ser pago
pelos consumidores na conta de luz a partir de julho.
Com
isso, o custo da bandeira vermelha 2, o mais alto do sistema, aumenta de R$
6,24 para R$ 9,49 para cada 100 kwh (quilowatt-hora) consumidos – um reajuste
de 52% sobre o valor que já vinha sendo cobrado desde junho e que a agência
prevê que siga em vigor até pelo menos novembro, devido ao baixo índice de
chuvas em boa parte do país e a consequente queda do nível dos reservatórios
hídricos.
A
diretoria da agência também decidiu os novos valores para as outras bandeiras.
A amarela será de R$ 1,874 a cada 100 kWh e a vermelha patamar 1, de R$ 3,971 a
cada 100 kWh. A bandeira verde, que indica boas condições de geração de
energia, é gratuita desde a adoção do sistema, em 2015.
O
índice de reajuste aprovado foi defendido pelo diretor-geral da Aneel, André
Pepitone, para quem o nível de reajuste das tarifas não configura um aumento
imprevisto para os consumidores.
“A
questão da bandeira é, acima de tudo, uma ferramenta de transparência, pois,
sinaliza, mês a mês, as condições de geração [energética] no país. [Condições
estas] que refletem os custos cobrados. Não existe, portanto, um novo custo. É
um sinal de preços que mostra ao consumidor o custo real da geração no momento
em que ela ocorre. Dando, inclusive, oportunidade do consumidor de se preparar
e adaptar o seu consumo, fazendo um uso mais consciente da energia”, disse
Pepitone, afirmando que o país enfrenta uma “crise hídrica que se reflete no
setor elétrico”, obrigando o acionamento de usinas térmicas, mais caras.
Participação pública
Por
sugestão do diretor Sandoval de Araújo Feitosa Neto, a Aneel ainda vai discutir
a realização de uma audiência pública para, nas palavras de Neto, “trazer à luz
o cenário que estamos vivenciando”. Segundo ele, simulações técnicas demonstram
que o país está em meio a um “cenário hidrológico excepcional” que exige “um
tratamento extraordinário das bandeiras tarifárias” a fim de evitar prejuízos
ao sistema.
“Há
grande probabilidade de termos, no segundo semestre, cenários mais críticos do
que o histórico até aqui conhecido”, declarou Neto, admitindo que, para zerar o
risco de déficit projetado, seria necessário elevar ainda mais o valor do
patamar 2 da bandeira vermelha.
“Mantido
o nível de cobertura da bandeira vermelha, patamar 2, é bastante provável que
haja déficit de arrecadação, ou seja, que os custos superem as receitas geradas
pelo mecanismo”, acrescentou. “Se nada for feito e a bandeira permanecer com os
resultados da metodologia [aplicada nos estudos], teríamos, de julho a
dezembro, um déficit de aproximadamente de R$ 5 bilhões na conta-bandeira, com
uma probabilidade acima de 78% de ser, de fato, acima de R$ 2 bilhões.”
De
acordo com o diretor-geral da agência, André Pepitone, em abril o déficit
chegava a R$ 1,5 bilhões. “Em boa parte do ano de 2020, houve um superavit de
R$ 1,5 bi. Isto se degradou a partir de setembro/outubro, quando este superavit
virou déficit”, comentou Pepitone, prevendo que o déficit tende a aumentar a
partir de julho.
Por
Agência Brasil
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Crédito: Fábio rodrigues Pozzebom/Agência Brasil