Quando entrar setembro!
Bom dia, caros leitores! Que estejam todos
bem!
Na verdade, setembro já está de saída, mas
a primavera acabou de chegar e fico tentada a pensar no que isto impacta nossas
vidas.
Talvez muitos digam que é a estação mais
bonita do ano, cheia de flores e pássaros cantarolando. É verdade, mas é também
o mês da campanha de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo.
O Brasil ocupa o triste 8º lugar no mundo
com maior índice de suicídios, este é um ranking cruel, que precisa ser
revisto. Suicídio é a maior causa de mortes no mundo! E me pergunto: o que
acontece conosco, seres humanos?
Quando penso na primavera, lembro que na
Mãe Natureza há tanta beleza e perfeição e me questiono por que será que a
temos destruído tanto, a ponto de corrermos sérios riscos de saúde e
continuidade da espécie, enquanto humanidade, pelos efeitos dessa destruição?!
Em que ponto essas coisas convergem?
Pois bem, primavera, suicídio, destruição
da natureza fazem parte de um combo só!
E o nome dele é excesso de visão materialista de existência.
Há muito tempo temos tido um movimento
dentro da Psicologia cujo objetivo é repensarmos o conceito de ser humano,
lembrando-nos de que somos seres espirituais, cuja essência não se destrói com
a morte física, lembrando-nos que ela não existe.
Esta concepção que está na base de toda
abordagem Transpessoal de psicologia, ou seja, que entende o ser humano para
além do pessoal, do ego, é fundamental para nos ajudar a rever nossa postura
diante da Vida. Se somos seres cuja consciência não se extingue com a morte, o
suicídio, que nada mais é que a busca por deter um sofrimento que se mostra
insuportável, não trará a resolução à essa dor!
O que nos auxilia a ter qualidade de vida,
a nos sentirmos bem em estar vivo é o modo como a encaramos. Já vem de longe a
ideia de que o material, o racional, a satisfação dos nossos desejos
simplesmente não são suficientes para nos sentirmos felizes! O ser humano
precisa de mais do que saúde física e conta bancária “gorda” para se sentir bem,
em paz e realizado. O que todos queremos é carinho, afeto, tempo para curtir os
filhos e os amigos, para o lazer, para a contemplação... tudo o que a
civilização contemporânea, de forma muito sutil, não aposta.
As mídias “vendem” como conseguir corpos
perfeitos tomando determinado shake, como enriquecer em pouquíssimo tempo e sem
esforço investindo em tal banco, como conquistar um mundo incrível em meio à
natureza desde que você tenha um carro de tal marca, e assim por diante.
Dificilmente vemos a divulgação de que somos parte dessa natureza que
destruímos e que destruí-la é destruir a nós mesmos, da necessidade de sermos
mais solidários, de sermos mais tolerantes, mais conscientes de quem
verdadeiramente somos: seres com uma subjetividade imensa que precisa ser
cuidada, diariamente, que somos seres “mergulhados” em emoções e crenças que
podem nos limitar ou nos ampliar a visão sobre a Vida de forma inimaginável!
Meus queridos leitores,
setembro se vai, a primavera chegou, mas a falta de consciência sobre o que
realmente importa para sermos felizes ainda não. Não sou desesperançosa! Isso
nunca! Mas é preciso gritar um basta, aos quatro ventos, para este descaso com
nossa saúde mental.
Enquanto buscarmos apenas no externo, no
concreto, a garantia de nosso bem-estar e felicidade, dificilmente os índices
de suicídio diminuirão!
Enquanto valorizarmos mais a aparência do
que a beleza de sermos cada um como é, dificilmente a angústia humana deixará
de existir!
Enquanto nos vermos separados da Mãe
Natureza e seus sistemas ecológicos perfeitos e dos quais somos dependentes para
sobreviver, continuaremos nos matando a cada árvore derrubada ou mata destruída
pela ganância de alguns.
Que no próximo setembro possamos comemorar
a chegada da estação da renovação da Vida, com diminuição dos índices de
suicídio, de desmatamento e sofrimento psíquico. Somos seres infinitos de Vida
e possibilidades! Que possamos nos lembrar todo dia disso.
Paz e bem aos seres de visão generosa e
atitudes solidárias!
Bia Mattos
Psicóloga CRP 06/29269
Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos
Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.