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COLUNA: PSICOLOGIA NO DIA A DIA

Publicada em: 26/09/2023 10:22 - Colunas

Quando entrar setembro!

 

     Bom dia, caros leitores! Que estejam todos bem!

     Na verdade, setembro já está de saída, mas a primavera acabou de chegar e fico tentada a pensar no que isto impacta nossas vidas.

     Talvez muitos digam que é a estação mais bonita do ano, cheia de flores e pássaros cantarolando. É verdade, mas é também o mês da campanha de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo.

     O Brasil ocupa o triste 8º lugar no mundo com maior índice de suicídios, este é um ranking cruel, que precisa ser revisto. Suicídio é a maior causa de mortes no mundo! E me pergunto: o que acontece conosco, seres humanos?

     Quando penso na primavera, lembro que na Mãe Natureza há tanta beleza e perfeição e me questiono por que será que a temos destruído tanto, a ponto de corrermos sérios riscos de saúde e continuidade da espécie, enquanto humanidade, pelos efeitos dessa destruição?!

     Em que ponto essas coisas convergem?

     Pois bem, primavera, suicídio, destruição da natureza fazem parte de um combo só!    E o nome dele é excesso de visão materialista de existência.

     Há muito tempo temos tido um movimento dentro da Psicologia cujo objetivo é repensarmos o conceito de ser humano, lembrando-nos de que somos seres espirituais, cuja essência não se destrói com a morte física, lembrando-nos que ela não existe.

     Esta concepção que está na base de toda abordagem Transpessoal de psicologia, ou seja, que entende o ser humano para além do pessoal, do ego, é fundamental para nos ajudar a rever nossa postura diante da Vida. Se somos seres cuja consciência não se extingue com a morte, o suicídio, que nada mais é que a busca por deter um sofrimento que se mostra insuportável, não trará a resolução à essa dor!

     O que nos auxilia a ter qualidade de vida, a nos sentirmos bem em estar vivo é o modo como a encaramos. Já vem de longe a ideia de que o material, o racional, a satisfação dos nossos desejos simplesmente não são suficientes para nos sentirmos felizes! O ser humano precisa de mais do que saúde física e conta bancária “gorda” para se sentir bem, em paz e realizado. O que todos queremos é carinho, afeto, tempo para curtir os filhos e os amigos, para o lazer, para a contemplação... tudo o que a civilização contemporânea, de forma muito sutil, não aposta.

     As mídias “vendem” como conseguir corpos perfeitos tomando determinado shake, como enriquecer em pouquíssimo tempo e sem esforço investindo em tal banco, como conquistar um mundo incrível em meio à natureza desde que você tenha um carro de tal marca, e assim por diante. Dificilmente vemos a divulgação de que somos parte dessa natureza que destruímos e que destruí-la é destruir a nós mesmos, da necessidade de sermos mais solidários, de sermos mais tolerantes, mais conscientes de quem verdadeiramente somos: seres com uma subjetividade imensa que precisa ser cuidada, diariamente, que somos seres “mergulhados” em emoções e crenças que podem nos limitar ou nos ampliar a visão sobre a Vida de forma inimaginável!

     Meus queridos leitores, setembro se vai, a primavera chegou, mas a falta de consciência sobre o que realmente importa para sermos felizes ainda não. Não sou desesperançosa! Isso nunca! Mas é preciso gritar um basta, aos quatro ventos, para este descaso com nossa saúde mental.

     Enquanto buscarmos apenas no externo, no concreto, a garantia de nosso bem-estar e felicidade, dificilmente os índices de suicídio diminuirão!

     Enquanto valorizarmos mais a aparência do que a beleza de sermos cada um como é, dificilmente a angústia humana deixará de existir!

     Enquanto nos vermos separados da Mãe Natureza e seus sistemas ecológicos perfeitos e dos quais somos dependentes para sobreviver, continuaremos nos matando a cada árvore derrubada ou mata destruída pela ganância de alguns.

    Que no próximo setembro possamos comemorar a chegada da estação da renovação da Vida, com diminuição dos índices de suicídio, de desmatamento e sofrimento psíquico. Somos seres infinitos de Vida e possibilidades! Que possamos nos lembrar todo dia disso.

     Paz e bem aos seres de visão generosa e atitudes solidárias!

 

 

Bia Mattos

     Psicóloga CRP 06/29269


Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos

Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.

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