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Coluna: Além do Malte com Marcelo Basso

Publicada em: 26/11/2025 14:26 -

Ivan Tozzi defende turismo “sacro cervejeiro” durante a 2ª edição do Congrecerva

 

O jornalista, sommelier e mestre cervejeiro Ivan Tozzi apresentou, na noite de ontem (25 de novembro), uma das palestras mais aguardadas da segunda edição do Congrecerva, ao explorar um tema que une história, espiritualidade, tradição e cultura cervejeira: o turismo cervejeiro em mosteiros e abadias, além da produção de cervejas trapistas ao redor do mundo.

 

Além da didática e profundo conhecimento técnico, Tozzi conduziu o público ouvinte por uma viagem que teve início na ancestralidade das bebidas produzidas em ambientes monásticos — práticas que remontam à Idade Média — e avançou até o cenário atual, marcado por mosteiros que preservam a produção artesanal como forma de sustento, devoção e identidade cultural. Ele explicou os critérios que definem uma cerveja trapista e as particularidades sensoriais que fazem desse estilo um dos mais admirados no universo cervejeiro.

 

Ao abordar a realidade brasileira, Tozzi destacou que o país também começa a construir sua própria história nesse segmento ao citar exemplos de rótulos elaborados em mosteiros contemporâneos, como a Hofbauer, produzida na Igreja Nossa Senhora da Glória, em Juiz de Fora (MG); a Claustrum, do Mosteiro de São Bento de Mussurepe, em Campos dos Goytacazes (RJ), feria pela cervejaria Ranz, de Nova Friburgo (RJ); e a Frater’s Beer, desenvolvida para o convento franciscano Santa Maria dos Anjos, de Franca (SP), pela Átomos Cervejaria, da mesma cidade.

 

Além da própria cerveja, a Vales do Monges, produzida em parceria com o Mosteiro Cisterciense de Nossa Senhora do Divino Espírito Santo, em Claraval (MG), por sua própria cervejaria, a Sacramalte, que fica em Franca (SP).

 

“A produção de cervejas em mosteiros brasileiros, aliada à abertura desses espaços para visitas, mostra que estamos apenas começando a explorar um território riquíssimo. Cada mosteiro que se dedica a essa tradição amplia o mapa cultural do país e fortalece o que chamo de ‘sacro turismo cervejeiro’, um nicho que tem enorme potencial para crescer e transformar experiências”, afirmou Ivan Tozzi.

 

A partir desse conceito que o próprio palestrante batizou, “o sacro turismo cervejeiro é um novo e extenso campo de oportunidades ligado à cultura cervejeira”, defendeu. Ainda segundo Tozzi, a combinação entre espiritualidade, tradição monástica e produção de cervejas artesanais de alto valor histórico oferece uma experiência única para viajantes e apreciadores. Além de fortalecer microterritórios, esse tipo de turismo promove o intercâmbio cultural e amplia o repertório do público sobre a prática cervejeira em ambientes religiosos.

 

A palestra reforçou a importância de ampliar o olhar para além das rotas tradicionais e consolidou Ivan Tozzi como uma das principais vozes quando o assunto é cultura e conhecimento técnico no universo da cerveja no Brasil.

 

“A segunda edição do Congrecerva confirma a força e a maturidade do nosso ecossistema cervejeiro. As palestras têm reunido produtores, especialistas e entusiastas em um ambiente de troca muito qualificado. Ontem, a apresentação do jornalista e mestre cervejeiro Ivan Tozzi foi um exemplo disso: trouxe conhecimento, reforçou tendências e ampliou a visão sobre o potencial do turismo cervejeiro em mosteiros e abadias. Estamos muito satisfeitos com a participação do público e com o nível técnico das discussões, que fortalecem ainda mais o trabalho do CPLCerva e de toda a cadeia produtiva”, afirmou Carlos Alberto Zem, consultor de projetos do Simespi e gestor da Cadeia Produtiva Local da Indústria de Máquinas Equipamentos e Serviços para Cervejarias (CPLCERVA).

 

Marcelo Basso/Engenho da Notícia

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