Por Adriana Passari - @adrianapassari
Circo Quintal
Ela sonhava em ser artista de circo. Isso começou quando ainda muito menina foi com a avó e os priminhos assistir o espetáculo do circo de quintal que tinha lá no seu bairro.
O nome do circo era Quintal, porque era montado no quintal mesmo da casa da família que se revezava nas atrações. Cada um deles fazia dois a três personagens: palhaços (claro que tinha palhaços, eram os melhores), equilibristas, domadores (de cabritos, porque é claro que não tinha leões por lá) e mágicos. Pelo menos uma vez ao mês a trupe se multiplicava e atraía toda a vizinhança para diversão certeira.
O ingresso custava só uma moeda, porque todo mundo era pobre de marré de si e se custasse mais que isso ia ter gente ficando fora da diversão. Vovó juntava as moedinhas e levava a netaiada para se divertir. Cada um carregava o seu próprio banquinho e a tigela para encher de pipoca que era passada quentinha na hora pela vizinha, custando só mais uma moedinha.
Naquela vez em especial, tinha uma prima da família do Circo que vinha de outra cidade, estava de visita, e foi convidada a participar do show como atração especial “extrahipermegainternacional”.
A menina, uma mocinha já, não era assim uma artista de circo nata, como os demais, mas aceitou se apresentar e entrou na brincadeira fazendo uma coisa que ela fazia muito bem desde pequenininha. Vestida de colant e sainha tutu, um coque na cabeça e sapatilha nos pés, dançou lindamente como se fosse aquela bailarina da caixinha de música. Foi aplaudida de pé pela multidão.
Foi inesquecível, pelo menos para uma menininha da plateia que passou a sonhar em ser artista de circo como aquela bailarina.
Ouça a história na voz de Adriana Passari: