Lá vai São Francisco[1]...
Bom dia, caro leitor! Saúde e Paz para a gente!
Há mais de oitocentos anos, nascia um jovem nobre na cidade de Assis chamado Francisco. Tinha uma Vida tranquila, abastada, frequentava as festas da época, não se preocupava com nada até o dia em que resolve se alistar para lutar numa guerra entre sua cidade e Perugia.
Assis perde a guerra para Perugia e Francisco fica preso por mais ou menos um ano. Seu pai o resgata, ele se recupera de uma doença contraída na prisão e então resolve se alistar para lutar em outra guerra, mas acaba desistindo.
A partir daí, o jovem rico e despreocupado da Vida, marcado provavelmente pelos horrores da guerra e por um ano na prisão, começa um novo caminho de solidariedade e serviço aos sofredores. Nascia São Francisco, o poverello de Assis, padroeiro da Ecologia e, até hoje, arquétipo do “coração universal” que não exclui, mas integra, que vê o todo considerando a importância das partes
Segundo Leonardo Boff[2], Francisco foi o criador de “um humanismo terno e fraterno que vai além do humano e que abarca toda a natureza e o próprio universo.”
A partir dessa história, fiquei pensando na atualidade da trajetória de Francisco que muda sua Vida a partir da dor, dor gerada por guerras, destruição e indiferença ao sofrimento humano. Nunca precisamos tanto desse arquétipo, desse modelo de ação humana terna e fraterna como nos lembra Leonardo Boff.
Nesta semana que passou, além da comemoração do dia de São Francisco, tivemos a passagem de Jane Goodall, outro ser terno, fraterno e integrador. Jane não entendia a necessidade de preservação ambiental e de todos os demais seres vivos sem o cuidado com as condições de Vida de cada ser humano. Sua maior bandeira era a esperança! Jane acreditava na capacidade humana de viver terna e fraternalmente.
Se Francisco e Jane Goodall, separados por séculos, acreditaram que é possível sermos amorosa e fraternalmente humanos, por que não nós?!
A mudança do planeta começa no cotidiano de cada um: na compreensão de que diferente não é melhor nem pior, no desapego ao que parece obviamente necessário, na consideração com o sofrimento alheio, na certeza de que sim, podemos, se quisermos, ajudar a construir um mundo diferente, mais humano e pleno em harmonia e amorosidade!
[1] Referência à música “São Francisco” de Vinicius de Moraes, Sérgio Bardotti e Paulo Valente Soledade, lindamente cantada por Ney Matogrosso.
[2] “São Francisco de Assis: Ternura e Vigor”, livro de Leonardo Boff, Editora Vozes, 2012.
Bia Mattos
Psicóloga CRP 06/29269
Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos
Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.