Por Adriana Passar - @adrianapassari
Sonho selvagem
Ela tinha um sonho. Visitar os animais mais selvagens do planeta em seu habitat natural. Materializava esse sonho em forma de safári nas cercanias da África. Sonhava com as savanas africanas, mas era um sonho tão distante e tão inalcançável que sequer sonhava realizá-lo. Visitava zoológicos, mesmo doendo vê-los cerceados de liberdade por meio de grades que os expunham e limitavam. Grandes feras com capacidades de percorrerem quilômetros em sua caça diária, submetidos a poucos metros enfeitados artificialmente para agradar olhares curiosos.
Viajar para fora das linhas imaginárias dos limites nacionais era uma realidade distante para aqueles que compartilhavam a sua realidade de humilde periferia. Em suas casas de paredes germinadas, dividiam as dores e as delícias de uma comunidade que se ajudava nas dificuldades e faziam com pouco as alegrias do dia-a-dia.
O amor pelos animais ela acabava destinando a cães e gatos encontrados em situação de abandono e maus tratos. Somava nove deles no pequeno quintal de terra batida onde se esforçava para garantir alimento e bem estar. Nominava-os um por um e a cada um conhecia a personalidade e a história. Hipo, Lion, Rino, Gagazela, Zezebra, Gigirafa, Gogorila, Croco e Lelefante eram seus nomes de batismo pós resgate e adoção naquele lar.
No que dependesse dela o bando só aumentaria, mas a vizinhança tratava de colocar um pouco de juízo na sua cabeça e se empenhava para encontrar outros lares para os novos possíveis moradores que chegavam para superlotar o espaço cheio de amor, mas também de necessidades.
O sonho de visitar o mais antigo continente terrestre era assim vivenciado a cada dia no trato dos animaizinhos que dependiam dela para se alimentar e sobreviver naquela selva chamada de vida.
Ouça a história na voz de Adriana Passari: