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Coluna: Adriana Passari fazendo histórias - 22-08-2025

Publicada em: 23/08/2025 12:25 -

Por Adriana Passari - @adrianapassari

 

Quando chega a hora

 

Ela estava aflita. Esperava na recepção do hospital pela informação que poderia mudar toda sua vida. Não sabia há quanto tempo estava aguardando por informações que nunca chegavam. As pessoas passavam por ela com cara de preocupação, algumas visivelmente abaladas, assim como ela. Eram parentes dos pacientes que recebiam atendimento naquele local de salvação e de despedidas. Vítimas de acidentes de trânsito ou domésticos, doenças, cirurgias, enfim, cada um vivendo a sua história. Enfermeiras e enfermeiros não tinham a aparência muito simpáticas, quando ela pensava em se aproximar para pedir alguma orientação acabava desistindo por medo de ser destratada.

Já estava cansada de esperar e muito incomodada com uma senhora sentada ao seu lado que tagarelava ao celular passando a uma dezena de parentes, um de cada vez, a situação do filho que acabara de passar por cirurgia (bem sucedida, graças a Deus). A falta de simpatia por aquela mulher tagarela não a impedia de sentir empatia pelo filho que estava se recuperando do procedimento médico. De tempos em tempos ouvia a atendente da recepção chamar bem alto para ser ouvida por aquela pequena multidão que aguardava: - familiar do paciente tal. E lá iam os parentes do paciente correndo em

busca da tão esperada informação. A aflição só aumentava porque nunca chegava a sua vez! Não sabia dimensionar a quanto tempo estava naquela situação. Médicos passavam ao seu lado mas ela não tinha coragem de abordá-los. Temia uma reposta que não gostaria de ouvir. Escolheu esperar. E esperou, esperou, até que ouviu a chamada da atendente: - familiares da paciente Maria das Graças!

Imagem criada por IA

Sua cabeça girou, o mundo girou ao seu redor… segurou-se onde pode para não cair ao chão… Não estava entendendo nada… como assim? Maria das Graças era ela… mas ela estava ali... Foi quando viu, caminhando apressadamente até a atendente, seu marido, seus filhos, suas irmãs e seus cunhados. Um grupo numeroso e muito triste. Tentou gritar para chamá-los, mas eles não ouviram. E só então ela entendeu… havia chegado a sua hora.

 

Ouça a história na voz de Adriana Passari:

 

 

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