O Dia Internacional da Mulher: Reflexão, Conquistas e Desafios

 

Ronaldo Castilho

 

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é uma data que vai além das flores e das homenagens superficiais. Este dia é uma oportunidade para refletir sobre a luta histórica das mulheres por direitos, igualdade e respeito, reconhecendo as conquistas obtidas ao longo do tempo, mas também os desafios que ainda persistem. É um momento para celebrar o que foi alcançado, ao mesmo tempo em que se reforça a necessidade de continuar a caminhada em busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

As conquistas das mulheres ao longo dos séculos são notáveis. Desde a luta pelo direito ao voto até a conquista da participação em cargos de liderança na política, ciência e negócios, as mulheres têm demonstrado que a competência não depende de gênero. No Brasil, figuras como Bertha Lutz e Nísia Floresta foram pioneiras na luta pela emancipação feminina, e sua resistência ajudou a pavimentar o caminho para muitas vitórias. A partir da década de 1920, o movimento feminista ganhou força, impulsionado por organizações que exigiam o direito de votar e participar ativamente da vida política. Em 1932, com o governo de Getúlio Vargas, o Código Eleitoral brasileiro reconheceu o direito ao voto feminino, embora de forma limitada a mulheres com atividades remuneradas ou com autorização dos maridos. A Constituição de 1934 ampliou esse direito, garantindo que todas as mulheres pudessem votar e se candidatar sem restrições, e, em 1946, o voto feminino tornou-se obrigatório.

Outros avanços significativos incluem a criação de leis de proteção à mulher, como a Lei Maria da Penha, que combate a violência doméstica, e a criminalização do feminicídio. Tais leis têm sido fundamentais para assegurar a segurança e a justiça para as mulheres que, historicamente, sofreram com a violência física, psicológica e sexual. No entanto, apesar desses avanços, a desigualdade de gênero ainda é uma realidade, especialmente em relação à diferença salarial entre homens e mulheres, a sobrecarga do trabalho doméstico e a dificuldade de ascensão profissional para as mulheres. A violência contra a mulher continua sendo um grave problema, com índices alarmantes de feminicídio, assédio e agressões físicas. Esses desafios exigem não só políticas públicas mais eficazes, mas também uma transformação cultural profunda que combata o machismo estrutural ainda presente em diversas esferas da sociedade.

Para que haja uma mudança real, é fundamental que todos, homens, mulheres, empresas e governos, se unam na luta pela igualdade. As políticas de equidade salarial, a promoção da participação feminina em setores predominantemente masculinos e o combate ao machismo devem ser prioridades em qualquer agenda que se proponha a construir uma sociedade mais justa. A educação desempenha um papel essencial nessa transformação. Iniciativas que incentivem meninas a seguir carreiras em áreas antes dominadas por homens, bem como campanhas de conscientização sobre a violência de gênero, são fundamentais para que as próximas gerações cresçam em um ambiente mais igualitário e seguro.

Portanto, o Dia Internacional da Mulher deve ser encarado não apenas como uma data para comemorar as vitórias conquistadas, mas também como um momento de reflexão sobre os muitos desafios que ainda precisam ser superados. A luta das mulheres por direitos iguais e por uma vida sem medo de violência deve continuar, e todos têm um papel a desempenhar nesse processo. O engajamento coletivo é essencial para garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens e que suas vozes sejam ouvidas e respeitadas em todas as esferas da sociedade.

A participação das mulheres na política, embora crescente, ainda enfrenta obstáculos significativos, mas é um símbolo do avanço na luta pela democracia e igualdade. Assim como as mulheres que lutaram por esse direito, outras figuras emblemáticas ao longo da história se destacaram na defesa dos direitos humanos e da igualdade de gênero, como Malala Yousafzai, Rosa Parks, Maria da Penha, Frida Kahlo, Simone de Beauvoir e Dandara dos Palmares. Elas enfrentaram grandes desafios, mas suas lutas e legados continuam a inspirar gerações na busca por justiça e equidade.

Na política, mulheres como Dilma Rousseff, Angela Merkel, Margaret Thatcher, Michelle Bachelet, Cristina Kirchner, Jacinda Ardern e Ellen Johnson Sirleaf quebraram barreiras e se destacaram por suas lideranças. Elas não só demonstraram que o espaço político não é exclusivo dos homens, como também promoveram mudanças significativas em seus países e no mundo. Essas líderes continuam a abrir caminhos para novas gerações de mulheres que desejam ocupar espaços de poder e influência.

O pensamento sobre o papel da mulher na sociedade também evoluiu ao longo da história. Filósofos como Platão, Aristóteles, Rousseau e John Stuart Mill contribuíram para a formação das ideias que moldaram a visão da mulher na sociedade ocidental. Embora Aristóteles tenha perpetuado a ideia de inferioridade feminina, outros pensadores, como Mary Wollstonecraft e John Stuart Mill, defendiam a igualdade entre homens e mulheres, o que ajudou a fortalecer a luta feminista ao longo dos séculos. As ideias dessas pensadoras e pensadores foram essenciais para questionar as normas sociais e propagar a necessidade de igualdade de direitos entre os gêneros.

A luta das mulheres por igualdade, respeito e oportunidades continua sendo uma das questões centrais para a construção de uma sociedade mais justa. Somente com a colaboração de todos será possível garantir um futuro em que as mulheres tenham igualdade de direitos e a liberdade para viver sem medo, alcançando seu pleno potencial.

Ronaldo Castilho é jornalista e bacharel em Teologia e Ciência Política, com MBA em Gestão Pública com Ênfase em Cidades Inteligentes

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