Fundação de São Vicente em 1532. Pintura de Benedito Calixto de Jesus, (1900). Acervo do Museu do Ipiranga, São Paulo.
A imagem foi idealizada no ano de 1900 sob encomenda e reproduz como teria sido a ocupação de São Vicente (localizada na microrregião de Santos - São Paulo, Brasil), com a chegada de portugueses liderados por Martim Afonso de Sousa.
Na composição da imagem, observa-se a chegada dos portugueses através da expedição de Martim Afonso de Souza e o seu contato inicial com os índios. Diferentes peças de roupas, objetos e forma social de comportamento são determinantes na obra, assim como a vegetação. A celebração do IV Centenário do Descobrimento foi o momento escolhido pelo pintor para realizar sua obra.
A tela pressupõe três tipos sociais: índios, brancos colonizadores (portugueses) e os representantes da Igreja Católica, que levam a cruz para as terras brasileiras. Tendo Santos como interesse primordial ao produzir suas obras, um dos principais objetivos de Benedito foi revelar uma tradição tipicamente paulista em suas pinturas, como "Fundação de São Vicente". Morando praticamente toda a vida no estado de São Paulo, a maior parte do tempo em São Vicente, buscou retratar o litoral brasileiro como ação patriótica, mostrando o mar, a fauna e a flora da região.
Um dos mais destacados fidalgos portugueses do Século XVI, Martim Afonso de Sousa (1490-1564) estudou Matemática, Cosmografia e Navegação.
Iniciou sua carreira de homem de mar e guerra ao serviço de Portugal em 1531 na armada que El-Rei D. João III determinou mandar ao Brasil, cerca de 1530, indicado por seu primo-irmão D. Antônio de Ataíde, Conde da Castanheira.
A historiografia tradicional brasileira encara sua expedição como a primeira expedição colonizadora. Levava Regimento para expulsar os franceses da costa brasileira, colocar padrões de posse desde o Rio Maranhão até ao Rio da Prata, o qual não alcançou em função de ter naufragado antes, e dividir a costa brasileira em capitanias medidas em léguas de costa que seguidamente El-Rei concederia a donatários.
Fundou em 22 de Janeiro de 1532 a primeira vila do Brasil, batizando-a de São Vicente, uma homenagem a São Vicente Mártir, por ser o dia consagrado a este santo, confirmando o nome dado por Gaspar de Lemos trinta anos antes, quando chegou àquela ilha, coincidentemente, em 22 de janeiro de 1502.
Graças às medidas tomadas por Martim Afonso de Sousa, São Vicente tornou-se a primeira vila e município do Brasil, visto que, no dia 22 de agosto de 1532, se elegeu a primeira câmara de vereadores.
Fundou a primeira vila nos moldes portugueses no Brasil: a vila de São Vicente. Em São Vicente, iniciou a cultura da cana-de-açúcar e ordenou a instalação do engenho dos Erasmos.
Na região do planalto, na aldeia de Piratininga governada pelo Cacique Tibiriçá fundaram os jesuítas, por ordem do Padre Manuel José da Nóbrega, o Colégio de S.Paulo, destinado à conversão dos índios, o qual esteve na origem da atual cidade de São Paulo.
Combateu corsários franceses no litoral e foi agraciado pela coroa portuguesa, sob o reinado de D. João III, como capitão-donatário de dois lotes de terras no Brasil: os dois lotes da capitania de São Vicente. Desde outubro de 1532, recebera comunicação do rei de que o imenso território seria dividido em extensas faixas de terras: as capitanias hereditárias. Na ocasião, foram-lhe doadas cem léguas na costa e recebeu autorização de retornar a Lisboa."
Seus feitos no Brasil são mencionados nos "Lusiadas" de Camões: "Das mãos do teu Estêvão vem tomar/ As rédeas um, que já será ilustrado/ No Brasil, com vencer e castigar/ O pirata Francês ao mar usado/ Despois, Capitão-mor do Índico mar, O muro de Damão, soberbo e armado, Escala e primeiro entra a porta aberta, Que fogo e frechas mil terão coberta: o Poeta refere-se a Dom Martim Afonso de Sousa, Primeiro Donatário da Capitania de São Vicente, devido ao fato de ter vencido e castigado piratas franceses muito experientes nas coisas do mar."
Foi a ação deste ilustre calipolense que marcou a dinamização da exploração econômica e da colonização do Brasil na sequência de vários embates vitoriosos com embarcações francesas, da introdução da cultura da cana-de-açúcar e da instalação de núcleos de povoamento em São Vicente .
Júnior Sá.
Colunista e Historiador.