Quando me permito ir além das certezas!

 

     Bom dia, caro leitor! Paz e bem a todos!  

     Nesta 3ª-feira gorda, como se diz, vamos retomar nossa reflexão de quinze dias atrás sobre nos propormos a buscar “novos ares”, modificar nossos padrões, nos abrirmos ao novo.

     Padrões são formas que também percebemos nos comportamentos humanos. Todos nós temos várias maneiras de agir e nos comportarmos em relação aos mais variados assuntos e situações. Podemos ser mais fechados ou mais abertos, mais racionais ou mais emocionais, podemos ser mais assertivos ou reativos, enfim, uma gigantesca gama de possibilidades de nos comportarmos dependendo da situação que se nos apresenta.

     E isto é absolutamente natural, o problema é quando, independente do contexto ou da situação, agimos da mesma forma. São aquelas pessoas que não consideram se há exceções, atenuantes ou outras explicações para determinados acontecimentos que as desagradam, diferente daquilo que sabem ou pensam. Porque as coisas saíram do modo como esperavam que acontecesse, acabam sempre determinando se aquilo está certo ou errado de acordo com o que entendem ser certo ou errado e não de acordo com a situação em si. Aqui encontramos parte do que gera os preconceitos e, infelizmente, poderá levá-las a correr um risco muito maior de agir de forma injusta ou que traga algum grau de arrependimento posterior.

     Quando achamos que nossa forma de ver e pensar é obviamente a melhor, cuidado: podemos estar sendo rígidos e usando sempre o mesmo jeito de resolver tudo! E isto, amigo leitor, é impossível: usar as mesmas ideias e táticas para a solução de todos os conflitos e questões da Vida. Cada situação, por si só, apresenta muitas e multifacetadas formas de poder ser resolvida, senão todos nós seríamos idênticos e agiríamos exatamente iguais!

      A rigidez de pensamento se caracteriza pela certeza íntima de que “eu sei, eu estou certo, eu vejo o melhor jeito”. O outro não!

     Caro leitor, vivemos num universo em que tudo pode ser absolutamente diferente do que estamos entendendo. Tudo! Vamos a um exemplo. Imagine que você pudesse, por alguns instantes, ter uma “visão de Raio X” e perceber a circulação sanguínea das pessoas. Se você se deparasse com alguém prestes a ter o entupimento de um vaso sanguíneo, veria o trombo[1] se formando e saberia que aquela pessoa estaria prestes a ter um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Porém, sem a visão de Raio X você veria apenas alguém que está ali ao seu lado, conversando e talvez até se divertindo com você. Somente no minuto seguinte, quando o trombo bloqueasse o vaso sanguíneo e a pessoa passasse mal é que você saberia que ela teve a formação de um trombo que bloqueou o vaso sanguíneo e que causou o AVC. Não é porque você não foi capaz de ver o trombo que ele não estava ali!

     Talvez eu tenha dado um exemplo drástico, mas pense: quantas vezes pensamos ou emitimos uma opinião sobre algo ou alguém e, depois de um tempo, quando temos mais informações sobre a situação, mudamos de opinião sobre o ocorrido?! Isto é tão comum, a menos que eu nunca aceite estar equivocado.

     E sabe o que existe por trás de quem acha que nunca erra?! Medo! Insegurança! São aquelas pessoas que acreditam que se errarem ou se equivocarem serão julgadas, desconsideradas ou perderão o valor diante dos demais. E então se fecham em suas certezas, numa atitude defensiva por medo de perderem a estima dos demais. Elas acreditam que o que os outros pensam delas que é que lhes dá valor e acabam por impor seu jeito de pensar para evitar ouvir críticas e serem desconsideradas em sua forma de ser!

     Caro leitor, nosso valor, quem dá, somos nós! O outro não sabe o que vai dentro de cada um de nós! Nem poderia! Não temos esta capacidade de ver dentro das pessoas. Mas temos a capacidade de dar o benefício da dúvida a nós mesmos e aos outros: será que estou entendendo corretamente? Será que o outro agiu como disseram? Será que não existem outros motivos além dos óbvios para tal coisa acontecer? E por aí vai.

     Ter esta postura é ser flexível, é considerar que nem tudo que parece é! Podem existir outras explicações que não conheço ou percebo e isto pode mudar tudo: em vez de discussão, haverá compreensão; ao invés de equívoco, teremos certeza; ao invés de conflito, viveremos em paz!

     E aí, gostaria de se dar o benefício da dúvida e se abrir para novas possibilidades além das aparentemente óbvias?! Garanto a você, pode ser incrivelmente interessante e rico! Só depende de querermos nos rever, nos abrirmos para o novo e estarmos dispostos a nos surpreender com o que jamais imaginamos!

     Desejo Abertura e Paz à sua mente e ao seu coração!

 

Bia Mattos

     Psicóloga CRP 06/29269


Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos

Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.




[1] Basicamente, um trombo é caracterizado por um coágulo de sangue que surge em um vaso sanguíneo do corpo. (https://drdavicazarim.com.br/trombo/)

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Marisa bonilha scalise - 13/02/2024 09h28
Ótima reflexão Precisamos estar abertos ao novo