A Política do Pão e Circo.
Durante o Império Romano, eram organizados grandes banquetes e eventos, com teatro, corridas de cavalo e os famosos, porém infames, jogos gladiatoriais.
Os jogos eram públicos e gratuitos, e frequentados tanto pelas posições sociais mais privilegiadas da sociedade romana, quanto das camadas sociais mais baixas, também conhecida como plebe.
Esse costume bancado pelos Imperadores tinha como pano de fundo uma estratégia política: A política do Pão e Circo.
O Alto Império Romano e sua sociedade :
O período conhecido como alto império Romano se inicia após a queda do modelo republicano, feita por Júlio César (100 a.c - 44 a.c) e a criação do império romano pelo seu sobrinho Caio Otávio, também conhecido por Augusto.
O Alto Império Romano, foi um período caracterizado pelas expansões e o enriquecimento de Roma. Contudo, no início da implantação do modelo imperial, houve bastante resistência das antigas classes aristocráticas, de grande parte do senado, que havia perdido seu poder político.
Para isso, existia a necessidade de oferecer privilégios para estas classes. Assim, a sociedade romana ficou dividida em Senatorial (que possuía privilégios políticos e eram alvo de regalias), Equestre (nobreza e comerciantes, que tinham acesso a cargos públicos) e a Plebe.
A Plebe era a classe mais inferior da sociedade romana. Representavam a maioria da população e eram trabalhadores e camponeses. Contudo, por compor a grande maioria da população, mesmo sem direitos políticos, a plebe tinha um grande valor político, daí se deu a necessidade da política do Pão e Circo.
A Política do Pão e Circo :
A política do Pão e Circo (Panem et circenses) vai surgir no período de transição entre a crise da república romana e o modelo imperial, tendo o seu auge no alto império romano.
A política do Pão e Circo, tinha como objetivo o apaziguamento da população, na sua maioria, da plebe, através da promoção de grandes banquetes, festas e eventos esportivos e artísticos, assim como subsídios de alimentos (distribuição de pães e trigo).
Assim, esses eventos tinham a função de entreter a plebe, despolitizando a mesma e evitando contrapontos políticos aos imperadores como reivindicações ou levantes populares. Também tinham a função de aumentar a popularidade dos líderes romanos.
Como consequência dessa política, foram construídos grandes espaços públicos para serem palcos destas atrações, como o Coliseu e o Circo Máximo. O Império conseguia suas riquezas para manter essa política, através de suas conquistas militares e do comércio lucrativo entre as suas províncias.
O Panem et Circenses foi amplamente utilizado durante o Império Romano, contudo foi se tornando uma política insustentável ao longo da decadência Romana durante o período do Baixo Império (284 - 476), já que sua manutenção demandava de muitos recursos, que já não se encontravam muito abundantes, assim como a perda do interesse nos eventos violentos com a cristianização do império romano.
Curiosidade: O Uso político do esporte
Durante a história da humanidade, o esporte sempre teve alguma ligação com a política. Na antiguidade, um grande exemplo é a política do Pão e Circo, onde os eventos esportivos tinham uma promoção dos imperadores no intuito de entretenimento e distração da plebe.
Pensando nos tempos contemporâneos, houve um grande fundo político nas atividades atléticas durante a alemanha nazista, já que havia um incentivo ao esporte durante o regime nazista, com intuito de vender o povo alemão como uma raça superior às demais.
Outro exemplo foram os embates esportivos entre Estados Unidos e a União Soviética (URSS) durante as olimpíadas ocorridas durante a guerra fria. Neste caso, o esporte era uma das formas de demonstrar a superioridade de um regime sobre o outro.
Júnior Sá.
Colunista e Historiador.