A Influência do Ciclo do Açúcar na História do Brasil


"Em 1516, foi construído no litoral pernambucano o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia no Brasil, mais precisamente na Feitoria de Itamaracá, confiada ao administrador colonial Pero Capico — o primeiro "Governador das Partes do Brasil". Em 1526 já figuravam direitos sobre o açúcar de Pernambuco na Alfândega de Lisboa


Em 1540, havia 800 engenhos de cana-de-açúcar na Ilha de Santa Catarina e outros 2.000 na costa norte do Brasil, Demarara e Suriname.


Em 1580 o Brasil se torna o maior exportador de açúcar do mundo. Quem comercializava a produção era Portugal e, também, a Holanda.


O modelo econômico dos engenhos de cana de açúcar com uso de mão de obra escrava foi introduzido na Europa pelos árabes, e conhecido na Espanha e Portugal desde o Século X


O açúcar formava um lado do triângulo comercial de matérias-primas do Novo Mundo, junto com produtos manufaturados europeus e escravos africanos. O engenho d'açucar foi a fábrica da aristocracia. Circulou por isso um adagio: "Quem quiser o Brasil do Brasil, traga o Brasil para o Brasil" isso é, o capital, representado pelos escravos. 


O açúcar representou a primeira grande riqueza agrícola e industrial do Brasil e durante três séculos, foi a base da economia.


A não ser em São Vicente e Pernambuco, fracassaram todas as capitais hereditárias, de grandes cabedais, início do desenvolvimento mundial do comércio que se aplicaram a explorá-las: 


Pernambuco e São Vicente prosperaram, porque a inteligência dos seus povoadores aliou o interesse dos negociantes. A cana d'açucar, transplantada das ilhas da Madeira e do Cabo Verde", dera tão bem ali que não reclamava réga, nem terra alta, nem adubo, cumo nos sitias de origem. 


Passaram a ser duas grandes estâncias de açucar: e de tal fórma a lavoura progrediu, que em poucos anos os pobres colonos que viéram com Duarte Coelho, eram homens abastados, perdularias e magníficos, dissipando com os seus cômodos uma renda pingue, que de ano a ano se renovava com as safras crescentes. Criara-se uma riqueza padrão, e, consequentemente, uma aristocracia colonial. O lucro do açucar foi espantoso, porque á simplicidade da industria, com o tôsco engenho de ngua ou o de "trapiche" movido por bois se juntava opiosa mão de obra, primeiramente de índios cativos, depois de negros, de Guiné. 


Em São Vicente, Braz Cubas, procurador de Martim Afonso, introduziu o "monjolo", que vira na China. Não havia maquina mais singela que esse "pilão de água ", que pisava o milho: tornou-se o aparelho usual do roceiro. O engenho d'açucar foi a fabrica da aristocracia. Circulou por isso um adagio: "Quem quiser o Brasil do Brasil, traga o Brasil para o Brasil" isso é, o capital, representado pelos escravos. 


Os proprios governadores-gerais, continuando a tradição dos donatarios, negociaram francamente em açucar, desde Mem de Sá, até Diogo Luiz de Oliveira, a quem Dom Luiz de Céspedes acusou de abarrotar os navios com a sua exclusiva mercadoria. Negociaram os militares, como os capitães do forte de Recife, que tiveram tavernas até 1602, mandadas fechar pelo governador Diogo Botelho; negociaram os desembargadores, os fidalgos desterrados, como Dom Francisco Manoel de Melo, os jesuitas, e as ordens religiosas, os funcionários do Estado, todos.”

 Fonte: História da Civilização Brasileira de Pedro Calmon/ Imagens: Engenho de Açucar. Pinturas de Frans Post. 1660 Statens Museum for Kunst, Copenhagen/ 1644. Museu do Louvre.


               Júnior Sá.

   Colunista e Historiador

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