Contentamento: um estado de espírito!

 

Bom dia, cara leitora, caro leitor!

 

Você já pensou que contentamento é algo que pode ser desenvolvido? Treinado, por assim dizer? Não?! Então a(o) convido a pensar comigo.

 

A primeira coisa a refletir é o quanto temos consciência da necessidade de nos mantermos numa perspectiva positiva quando observamos os tempos atuais: crises econômicas, políticas e sociais, guerras, pandemia que “nunca chega ao fim”, cansaço... Se ficarmos identificados com o que está extremamente aparente, o desânimo e a descrença nos tomam por completo, e isto não ajuda em nada a enfrentarmos tal contexto.

 

Não se trata de ter uma visão negacionista de tal estado de coisas e nem de impor um estado interno de positividade, pois isto não apenas não funciona como seria uma imposição. A proposta é de busca de bem-estar para termos cada vez mais condições de enfrentarmos os desafios do dia a dia e do contexto que nós, humanidade, criamos e estamos com “certa” dificuldade em resolver!

 

Roberto Assagioli, o pai da Psicossíntese (abordagem psicológica que já citei em outros momentos), escreveu certa vez sobre a importância do contentamento e de como desenvolvê-lo, tamanha a importância deste estado de espírito. Ele disse coisas interessantes sobre contentamento:

- ele tende a provocar bom humor e a encorajar seu aparecimento, lembrando que existe humor sem contentamento e contentamento sem senso de humor;

- “é sereno, de boa índole e sorridente.”;

- “pode ser considerado o irmão mais novo da alegria.”;

- “tem estreitas associações com o brincar. Brincar promove contentamento que, por sua vez encoraja brincar”.

 

Então, como estimular e manter em nós, o estado de contentamento?

 

A primeira sugestão de Assagioli é buscarmos eliminar os obstáculos à expressão do contentamento. Um dos maiores é a irritação. Não se elimina irritação reprimindo-a, pois ela volta... Se este for o seu caso, experimente descarregá-la simbolicamente rasgando papéis ou socando uma bola, ou então, escreva uma carta “soltando o verbo” às pessoas que provocaram hostilidade em você e NÃO envie! Isto trará alívio, pode ser gratificante e abrir caminho para o contentamento.

 

A descarga não atinge as causas da irritação, então, após descarregá-la, é importante examinar e refletir criticamente os efeitos negativos da raiva sobre nós. Assagioli propõe reconhecermos a inutilidade da raiva e da hostilidade. Ele menciona Henry Ford: “Não ache defeitos, encontre soluções. Todos nós podemos reclamar”. Boa parte de nossos descontentamentos vem da importância que damos à opinião alheia sobre nós. E se há algo que não podemos controlar é o conteúdo do pensamento alheio, muitas vezes desconectado totalmente da realidade dos fatos, então, por que considerá-lo tanto?!

 

E por último, o obstáculo da autopiedade. Ela nos coloca numa posição de enfraquecimento diante da hostilidade do outro: “coitado de mim”. E por que considerar-se sem capacidade de cuidar e defender a si mesmo?! Algo importante sobre o qual devemos sempre refletir.

 

São muitos os obstáculos ao contentamento, este estado de positividade diante da vida e seus problemas. Não importa qual seja o seu obstáculo ao seu contentamento, lembre-se, a melhor maneira de desenvolvê-lo é cultivar pensamentos e sentimentos que o fortaleçam e o ajudem a resolver as causas de seu descontentamento! Trata-se de nos abrirmos às influências que emanam das qualidades positivas, que trazem uma visão mais ampla da Vida e nos levam a desenvolver um contentamento genuíno e constante. Você se sentirá cada dia melhor! Sua saúde irá agradecer e seus relacionamentos também!

 

Vamos tentar?!

 

Bia Mattos

Psicóloga CRP 06/29269


Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos

Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.

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