Coluna O Canal da Lili

A internet no DNA da geração pós-Millenial e a vida real

 

Eliana Teixeira

 

Representadas por pessoas nascidas em determinadas épocas, as gerações deixam marcas na história, bem como conflitam entre si pelas diferenças de pensamento e comportamento. Temos as gerações Baby Boomers - os nascidos entre 1945 e 1964 foram os primeiros na definição de gerações -; X – pessoas nascidas entre 1965 e 1980, conhecidas por sua independência, mas sem perder o convívio social -; Y ou Millenials – do começo da década de 1980 aos meados dos anos 1990, sendo que alguns estudiosos contam desde o fim dos anos 1970 até o fim da década de 1990 -; Z – aqueles que nasceram a partir dos anos 2000, que são marcados por forte responsabilidade social. E já está em “trânsito” uma versão atualizada das gerações, a Alpha - crianças nascidas a partir de 2010 -, mas essa é uma conversa para um outro artigo.

Além de serem definidas pela cronologia, as gerações são representadas pelo modo como se comportam socialmente, no mercado de trabalho, no âmbito familiar. Dessas gerações todas, a que literalmente traz a internet em seu DNA é a Z ou pós-Millenial, formada por pessoas com idades entre até 22 anos de idade. Essa geração, conectada e acompanhada de seu smartphone quase que em tempo todo integral, já vivia no metaverso, bem antes de o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciar em 2021 seus planos para o futuro da companhia na realidade virtual, vista como o potencial salvador da rede social.

Se por um lado é inevitável retroceder ou tentar erroneamente limitar as TDCIs (Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação), é extremamente necessário levar tudo isso ao campo da educação do indivíduo, com o uso de ferramentas pedagógicas, para que se entenda que apesar de todos os avanços, quem tem na palma das mãos um smartphone é um ser humano, com respostas para a vida real muitas vezes mais lentas do que as obtidas no metaverso.

Acostumados a velocidade e a interatividade do mundo virtual, muitos adolescentes da geração Z simplesmente não sabem lidar com situações que demandam tempo, com o semear, plantar para depois colher. A geração de gamers profissionais, dos nômades e influenciadores digitais, é a mesma que apresenta insegurança quanto ao futuro e à carreira.

Sem dúvida alguma, essa geração é marcada por jovens comunicativos, proativos, autodidatas. E o fato de terem nascido “dominando” as TDICs pode ter levado ao distanciamento das demais gerações. Mas como gestora de pessoas e comunicadora, me indago de que se esse distanciamento não foi uma espécie de abandono por parte das gerações X e Y, no que se refere à condução social, ao lugar onde todos os indivíduos se encontram, a velha e conhecida humanidade.

Penso que cabe aos profissionais da educação em parceria com outros da área de humanas – sociólogos, psicólogos, - e das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação, para ensinar aos adolescentes da geração Z o uso de recursos internos que podem impactar a vida real, gerar transformações sociais, promover melhorias na política, bem como na economia de um país, mas que demandam tempo, bem diferente dos estímulos rápidos proporcionados pela tecnologia.

A atuação de multiprofissionais em busca de um caminho mais satisfatório e menos conflitante é urgente, porque já temos as crianças da geração Alpha! Empurrarmos os problemas para o mundo virtual não é a solução para a vida real, que segue seu fluxo com questões gritantes que variam da exclusão digital – a pandemia nos mostrou o quanto os mais pobres perderam por falta de acesso à internet para dar sequência ao estudo remoto -, passando pela desigualdade socioeconômica, à prática da corrupção em diferentes esferas de poderes ou difusão de mentiras capazes de interferir até mesmo na democracia, no poder de voto dos cidadãos.

Eliana Teixeira é jornalista, pós-graduada em Gestão de Pessoas e editora da revista digital O Canal da Lili – Acesse: www.ocanaldalili.com.br

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