A artista da dança e pesquisadora Carolina Moya, que mora em Piracicaba (SP), iniciou no seu perfil no Instagram (@carolinamoya) e no seu canal do Youtube (Carolina Moya) leituras em voz alta do texto "No Caminho da Miçanga - Um Mundo que se Faz de Contas", da antropóloga Els Lagrou. A atividade antecede a apresentação “Eu Não Sou Daqui - Estudos de Poética das Travessias”, uma criação de dança e performance que aborda as culturas populares e o flamenco, prevista para estrear em junho.

 

“Essa leitura em voz alta é uma forma de compartilhar com as pessoas o texto de Els Lagrou, bastante mobilizador, e também uma maneira de aproximar o público do processo de criação do trabalho e de noções de incorporação do estrangeiro e da diversidade como constituinte da identidade”, diz Carolina Moya.

 

As leituras acontecem ao vivo, com duração entre 20 e 40 minutos, porém, as gravações ficam disponíveis. “A ideia é que as pessoas acompanhem em um momento do dia em que isso é possível no seu cotidiano e ao mesmo tempo em que desenvolvem outras atividades corriqueiras. Assim como um podcast, linguagem contemporânea que serviu como inspiração”, explica a artista.

 

As datas são divulgadas nos perfis do Instagram e do Facebook da artista e a expectativa é que a atividade virtual aconteça até meados de junho. Em algumas oportunidades, Carolina faz as leituras sozinha. Em outras ocasiões, ela terá a companhia de outros artistas, como Marion Hesser, Lilian Soarez, Julia Giannetti, Ivy Calejon, Ivan SIlva, Cibele Mateus, Erineide Oliveira, Junú e Iara Campos.

 

“Eu Não Sou Daqui”

 

Prevista para estrear em junho, a criação cênica de dança e performance intitulada “Eu Não Sou Daqui - Estudos de Poética das Travessias” aborda as culturas estruturais do trabalho de Carolina Moya, que são as danças tradicionais populares brasileiras e o flamenco, a partir de sua relação com essas tradições que pesquisa e com as quais trabalha.

 

O entendimento de estrangeiro e de alteridade de “Eu Não Sou Daqui” é o dos Huni Kuin (etnia indígena brasileira de língua pano, localizada no estado do Acre e no sul do Amazonas, que abarca respectivamente a área do Alto Juruá e Purus e o Vale do Javari), sinalizadas no texto "No Caminho da Miçanga - Um Mundo que se faz de Contas" de Els Lagrou.

 

Para os ameríndios, o outro, o estrangeiro, o branco e o inimigo precisam e devem ser incorporados ao sistema social e cosmológico, pois são  considerados constitutivos do ser, da identidade dos Huni Kuin.

 

É sobre essas travessias entre lugares, culturas e pertencimentos que a criação cênica busca conversar simbólica e poeticamente. Rumar a Oeste, ao interior do continente, voltando as costas para o Atlântico. “São travessias que nos atravessam, nos afetam e nos convidam a olhar para os ‘outros’ que nos constituem”, diz a artista.

 

“Eu não sou nascida no meio flamenco, nem no dos folguedos brasileiros, nem mesmo em Piracicaba. Sou de São Paulo, mudei para cá em 2019 e, ainda assim, todas essas tradições populares e o lugar onde eu vivo hoje constituem minha identidade, quem eu sou. Isso reflete muito no trabalho que realizo”, completa Carolina.

 

 

SERVIÇO

 

Mais informações sobre o projeto e a artista podem ser obtidas no Instagram (@carolinamoya) e no Facebook (Carolina Moya).

 

 

Por Rafael Bitencourt 

Foto Crédito: Rogério Nagaoka


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