A tragédia em Capitólio e a exposição ao risco do que é mais precioso: a vida

 

Eliana Teixeira

 

Um dos cenários turísticos mais bonitos do Brasil – os Cânions de Furnas, em Capitólio (MG) – mostrou a ausência de um plano turístico preventivo a acidentes fatais, na tarde do último sábado (8). O que era para ser um momento de lazer, ficou marcado como tragédia, com 10 vítimas fatais e sobreviventes que relatam terem vivido o pior momento de suas vidas. Logo nas primeiras avaliações de especialistas em geologia e engenharia, consultados por programas jornalísticos, ficou óbvio que a tragédia em Capitólio poderia ter sido evitada.

Em janeiro de 2019, a própria Defesa Civil do Estado de Minas Gerais chegou a ser avisada do possível colapso das rochas dos Cânions de Furnas, porém o alerta sobre a importância da realização de inspeção geotécnica, com mapeamento dos riscos e estudo de medidas preventivas, foi ignorado. Parece ser algo cultural no Brasil: esperar acontecer, para depois agir. Foi assim com a tragédia da Boate Kiss – o incêndio, que poderia ter sido evitado, matou 242 pessoas e feriu outras 636, na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

A falta de planejamento turístico, tão evidente em Capitólio, ceifou vidas, destruiu famílias. Fica claro que as autoridades governamentais – agora é um empurra, empurra para se assumir a responsabilidade – municipal, estadual e federal, ao não levarem em conta o apontamento de especialistas em 2019, não agiram para evitar essa tragédia.

Rochas com fraturas e o maior volume de chuvas nos dias de janeiro, já seriam o bastante para se evitar a visitação turística nos Cânions de Furnas nesse período. Sim, poderia ter sido evitada a tragédia. E isso nos leva a refletir, principalmente, quem faz ou já fez viagens turísticas, o quanto podemos estar expostos a riscos, sem ao menos saber disso.

Que a tragédia de Capitólio não fique não esquecimento. Que haja, a partir desse evento tão triste, mudanças preventivas no turismo em todo o Brasil. E para isso, o Governo, seja ele de municípios, estados ou federal, tem que entender a necessidade de se ter planejamento com especialistas, para cada tipo de rota turística, em todas as regiões deste Brasil continental, porque a vida é o que há de mais precioso.

 

Eliana Teixeira é jornalista, MBA em Gestão de Pessoas e colunista do O Canal da Lili – Acesse o site: www.ocanaldalili.com.br

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