Sobre viver e morrer

 

Bom dia, pessoal!

 

Que todos estejam com saúde e em paz!

 

Luto é uma palavra muito presente em nossas vidas desde o início da pandemia por Covid-19. Costumo dizer que somos um planeta enlutado. Recentemente, o Brasil se despediu de Marilia Mendonça e mais uma vez nos deparamos com a dor da perda de uma referência em vários sentidos.

 

Pergunto: como você lida com o luto? Qual é o seu conceito de vida e morte? Que consequências sua forma de entender vida e morte trazem para você? Talvez estas não sejam questões que estejamos acostumados a pensar a respeito até que o inevitável aconteça: um dia, a partida de um ente querido nos obriga a lidar com esta dor.

 

A morte é mais presente no nosso cotidiano do que imaginamos! Nosso corpo se renova diariamente: células que não estão aptas a cumprirem seu papel, morrem e outras nascem preservando o funcionamento adequado e saudável do corpo. Na natureza, tudo se renova o tempo todo! As árvores por exemplo, morrem mas renascem em suas sementes e mudas. Nós morreremos um dia, mas deixaremos descendentes que são continuidade biológica de nossa essência corporal, assim como continuamos vivos na memória daqueles com quem convivemos por meio do que falamos, fizemos, vivenciamos. Então será que a morte absoluta, a destruição total do que quer que imaginemos, realmente existe?!?

 

Em Psicologia, as abordagens que caracterizam a Psicologia Transpessoal estudam os inúmeros estados de consciência existentes: sono, vigília, sonho, coma, sonhos lúcidos, percepções extra-sensoriais, intuições, premonições, etc...  Cada dia mais se conclui que somos capazes de perceber diferentes níveis de realidade a partir dos diferentes estados de consciência em que podemos estar.

 

As pesquisas mostram que quando nos percebemos como mais do que um corpo, para além de uma mente cheia de pensamentos e dos nossos sentimentos e emoções, uma nova perspectiva de entendimento sobre nossa identidade se estabelece. Ao entramos em um estado ampliado de consciência por meio de exercícios de imaginação dirigida ou por meio de uma prática meditativa por exemplo, conseguimos observar nossas sensações corporais, nossos pensamentos em nossa mente e o que estamos sentindo. Ao observarmos tudo isto que acontece em nós, a pergunta que fica é: quem observa???

 

Se entendemos que somos nosso corpo, nossos pensamentos e sentimentos/emoções, como conseguimos nos distanciar e observá-los? A resposta é: porque não somos nem nosso corpo, nem nossa mente e nem nossos sentimentos e emoções! Somos muito mais do que isso!

 

Então, quem observa? O centro de autoconsciência que somos! É este centro que permite que mesmo depois de horas de sono ou após uma anestesia lembremos e saibamos imediatamente quem somos! Não perdemos nossa identidade após acordarmos de uma ou outra situação! É esta essência, este centro de autoconsciência que é o espírito, que nos permite não nos esquecermos de quem somos ao acordarmos!

 

Talvez você esteja se perguntando o que isto tem a ver com o luto. É que esta essência espiritual que nos caracteriza, puro centro de energia, não é destruída com a morte física, e embora as Ciências em geral e a Psicologia ainda não expliquem o que acontece após a morte do corpo, o acesso a diferentes níveis de realidade nos dão a certeza de que a vida continua sempre! E isto é profundamente consolador, pois o que mais nos aflige num processo de luto é a ideia do fim, a ideia da destruição absoluta dos que se vão.

 

É claro que cada um de nós lidará com a ausência a seu modo. Somos seres relacionais, corporais, portanto sentimos falta do abraço, do “cheiro” como dizem carinhosamente os baianos! Mas imaginar que nosso ente querido vive em algum outro nível de realidade pode nos auxiliar a encarar a vida como muito mais ampla do que vemos com nossos olhos físicos e trazer um apaziguamento de que, talvez, em algum outro nível de realidade que a Ciência ainda não explica, estaremos um dia em contato novamente com ele.

 

Acolher e respeitar a dor de quem fica é fundamental! Porém, poder apresentar uma perspectiva mais ampla de vida e que pode até ser experimentada pelo enlutado por meio de exercícios psicológicos, pode ser profundamente consolador!

 

Na natureza, tudo se dá em ciclos de morte e renascimento. Fazemos parte da Mãe Natureza, por que conosco deveria ser diferente?! As pesquisas na área tem sido incontáveis!

 

Que tal buscar mais a respeito?!

 

Se você se interessa pelo assunto, deixo aqui a sugestão de dois livros incríveis:

 

1.     Psicossíntese – As Bases da Psicologia Moderna e Transpessoal. Roberto Assagioli. São Paulo-SP: Ed. Cultrix, 2013;

 

2.     A Morte da Morte. Pierre Weil, São Paulo: Ed. Gente, 1995.

 

Boa leitura! 

 

Bia Mattos

Psicóloga CRP 06/29269


Colunista: Maria Beatriz da Silva Mattos

Psicoterapeuta, Supervisora Clínica, Orientadora Vocacional, Facilitadora nos Cursos de Pós-graduação em Psicologia Transpessoal da Unipaz São Paulo e Paraná. Autora dos livros Espiritualidade em Psicologia: Psicossíntese, uma Psicologia com Alma e Orientação Vocacional - Uma Proposta Transpessoal.


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